Sam Raimi colocou sua mão no fogo para realizar essa nova versão do seu já clássico Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio (The Evil Dead, 1981). O cineasta que se lançou com esse terror B para hoje dirigir superproduções da Marvel (Doutor Estranho no Multiverso da Loucura [Doctor Strange in the Multiverse of Madness, 2022]), assina como produtor deste A Morte do Demônio (Evil Dead) de 2013. A direção caiu nas mãos do uruguaio Fede Alvarez, que até então só tinha feito curtas, mas que mostraria talento no posterior O Homem nas Trevas (Don’t Breathe, 2016).
Mas Fede Alvarez não tem o estilo ousado que Sam Raimi demonstrou no filme que o revelou. Rami utilizou a câmera em movimentos alucinantes, acrobáticos, que os irmãos Coen viriam a imitar em Arizona Nunca Mais (Raising Arizona, 1987). Vemos pouco disso na versão de Alvarez, somente nos repetidos voos entre as árvores do bosque para caracterizar os espíritos malignos se dirigindo ao chalé onde cinco jovens os libertaram. No entanto, Alvarez não atinge o ritmo de montanha-russa que tanto empolgou no filme original.
A Morte do Demônio (2013) não é uma refilmagem e sim uma versão. Por isso, a premissa pode ser a mesma, mas a história é outra. Desta vez, o roteiro se preocupa em desenvolver os personagens, um ponto negligenciado no filme de Sam Raimi. Assim, temos a óbvia final girl Mia (Jane Levy), uma viciada em drogas que tenta se reabilitar. Para ajudá-la nesse processo, seu irmão David (Shiloh Fernandez) reúne os amigos dos dois no chalé que era da família, mas que agora está desocupado. E tudo começa a dar errado quando um deles evoca as palavras proibidas de um velho livro de bruxaria encontrado no porão da casa.
Mais produzido, menos assustador
Os efeitos especiais e maquiagens dos seres sobrenaturais, como era de se esperar, possuem um capricho maior. Afinal, o orçamento agora é bem mais generoso. Mas isso não significa que eles sejam mais assustadores. De fato, não são. A produção agora foca em criar uma textura marcante, como se o sangue tomasse cada vez mais espaço na tela, até literalmente cair dos céus numa enxurrada. Porém, essa atmosfera lúgubre tampouco é suficiente para gerar medo no público. Encontra-se aí o defeito crucial dessa nova versão, que é sua incapacidade de provocar medo.
Embora mais pobre em termos de orçamento, o filme original é assustador do primeiro ao último minuto. Os personagens endemoniados, com suas gargalhadas horríveis, surgindo em uma avassaladora sucessão de eficientes jump scares tornam esse um dos mais aterrorizantes longas do gênero já realizados até agora. Já esta nova versão traz um tom chique que não combina com o ambiente rústico do terror no meio da floresta.
Para não falar que é um desastre total, pois não chega a tanto, cabe valorizar a cena final. Em meio à chuva torrencial de sangue, a final girl luta contra a principal das criaturas, com Alvarez apelando sem freios para o gore mais extremo, desta forma explorando outro tipo de terror. Se pelo menos fosse assim o filme todo, o resultado seria bem mais aterrorizante.
___________________________________________
Ficha técnica:
A Morte do Demônio | Evil Dead | 2013 | 91 min | EUA | Direção: Fede Alvarez | Roteiro: Fede Alvarez, Rodo Sayagues | Elenco: Jane Levy, Shiloh Fernandez, Jessica Lucas, Lou Taylor Pucci, Elizabeth Blackmore, Phoenix Connolly, Jim McLarty.