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Cena do filme "A Musa de Bonnard"
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A Musa de Bonnard

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

A Musa de Bonnard (Bonnard, Pierre et Marthe) acompanha a vida do pintor Pierre Bonnard e sua mulher, Marthe, desde que se conheceram em 1893, na capital da França, até a morte dela em 1942, em Le Cannet, no sul do país.

Marthe (Cécile de France) era uma prostituta quando Pierre (Vincent Macaigne) a convidou para posar para ele. Assim, nasce o relacionamento entre os dois que duraria quase cinquenta anos. Segundo o filme, não foram anos fáceis. Pierre não queria casamento e filhos, pois essa vida burguesa o afastaria do trabalho. Marthe, por sua vez, tinha saúde frágil. E nunca se sentiu à vontade com o fato de o marido ser sustentado por uma mulher, a mecenas Misia Godebska (Anouk Grinberg).

Foi crucial para a vida do casal a entrada da jovem estudante de artes Renée Monchaty (Stacy Martin). No início uma amante de Pierre, Renée depois se envolveu também com Marthe, formando na cama um ménage à trois. Sua passagem fugaz representou, conforme observação dela mesmo, uma chama que reacendeu a paixão dos velhos amantes. Além disso, Renée também provocou uma tragédia, que levaria a decisões antes adiadas pelo casal. Mas que seria um trauma nunca curado para o casal.

Pierre Bonnard pintou a nudez feminina com inédita naturalidade, como atesta um elogio de uma senhora em sua exposição. Então, o diretor Martin Provost, que já fez antes um longa sobre outra pintora, Séraphine de Senlis, se mantém coerente com essa característica de Bonnard ao evitar que o filme se torne sexy demais. Há bastante nudez, mas como fonte de inspiração para a criação artística. Assim, quando Pierre pede para Marthe mostrar os seus seios, um corte em fade to black esconde a nudez de Cécile de France para mostrar o resultado na tela que ele pintou.   

Dando tempo ao tempo

Cobrindo meia década de história, A Musa de Bonnard, não se preocupa em acelerar o tempo. Na maior parte de sua duração, o filme se dedica a apresentar uma narrativa sensorial. Dessa forma, atividades cotidianas como um banho no rio ou um almoço com amigos ganham a mesma importância que eventos destacados em uma biografia de wikipedia. Por isso, se encaixa bem o uso de fade to black entre muitas das cenas, marcando esse lento passar do tempo. Há, também, espaço para alucinações. Nesse sentido, a melhor delas é aquela em que Pierre corre atrás de duas mulheres, uma loira e outra morena, e as duas têm o rosto de Marthe.

E, para deleite dos apreciadores da arte da pintura, principalmente da obra de Pierre Bonnard e Marthe Bonnard, a tela do cinema revela as circunstâncias em que suas criações mais famosas nasceram. Dessa forma, esse contexto enriquece a obra de arte, para além da sua beleza plástica.

Como um texto que deve ser interpretado em suas entrelinhas, A Musa de Bonnard conta a história do casal através de ricas sutilezas. A discussão entre Marthe e Misia dentro de um rio, ou a pintura que retorna de Roma, por exemplo, ambas possuem significados que precisam ser decifrados. Um filme a ser apreciado como uma pintura num museu, dando o tempo ao tempo, permitindo a atenção aos detalhes.

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Ficha técnica de “A Musa de Bonnard”:

A Musa de Bonnard | Bonnard, Pierre et Marthe | 2023 | 122 min | Direção: Martin Provost | Roteiro: Martin Provost , Marc Abdelnour | Elenco: Cécile de France, Vincent Macaigne, Stacy Martin, Anouk Grinberg, André Marcon, Hélène Alexandridis, Grégoire Leprince-Ringuet.

Distribuição: Califórnia Filmes.

O filme chega aos cinemas brasileiros em 06 de junho de 2024.

Onde assistir:
Cécile de France e Stacy Martin em "A Musa de Bonnard"
Cécile de France e Stacy Martin em "A Musa de Bonnard"
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