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A Próxima Vítima (filme)
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A Próxima Vítima

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Inspirado em acontecimentos reais, A Próxima Vítima conta as investigações de um repórter de televisão sobre assassinatos em série de prostitutas no Brás, bairro paulista, nos anos 1980.

Antônio Fagundes é David, um repórter que o seu editor, vivido por Goulart de Andrade, escolhe para cobrir a série de assassinatos de prostitutas no Brás. Mesmo contrariado por essa não ser a sua área de especialidade, David acaba envolvido pessoalmente no caso. Afinal, ele se apaixona por Luna (Mayara Magri), uma garota de programa menor de idade. Ele deseja afastá-la dessa vida, mas seu cafetão o impede. Enquanto isso, as mortes cada vez mais se aproximam do círculo de contatos de Luna.

Análise do filme

A Próxima Vítima foi o primeiro filme ficcional realizado pelo diretor João Batista de Andrade depois de seu elogiado O Homem Que Virou Suco (1980). Novamente, o cineasta leva para a tela o retrato urbano da cidade de São Paulo, agora sob a temática policial. Da mesma forma, aquela fotografia escura que caracterizou a sequência da perseguição policial a Deraldo no filme anterior agora predomina nas incursões noturnas do jornalista David pelas ruas onde as vítimas trabalham.

Aliás, fotografia essa que se alinha com o gênero policial repleto de violência em que se insere A Próxima Vítima. Corpos ensanguentados e personagens com caráter duvidoso – o delegado de Othon Bastos e o italiano de Gianfrancesco Guarnieri – complementam esse ambiente doentio que impede o crescimento do amor de David por Luna.

Nesse cenário bruto, as cenas com nudez não conseguem exalar sensualidade. Analogamente, a atração do personagem de Antônio Fagundes por Luna se aproxima mais de um impulso paternal por protegê-la do que um desejo carnal. E a jovem prostituta só demonstra carinho pelo atencioso pretendente quando o chama para tomar uma ducha com ela, mas geralmente parece fria e imune à aproximação de David.

Contexto político

A Próxima Vítima ganha um interesse especial por retratar o contexto político da época, quando a ditadura dava lugar à democracia. Nas ruas, várias manifestações e comícios marcavam o período das eleições municipais e estaduais de 1982. Nesse sentido, o filme insere uma crítica importante, pois o personagem do delegado continua no cargo mesmo com a mudança do regime de governo. Ele espertamente se adapta, e explica ao jornalista David que não o prenderá, porque agora as coisas estão diferentes.

A indiferença de David em relação a essa agitação política, é a mesma de Luna em relação a ele. Essas perspectivas aparentemente promissoras não passam de ilusão, e nesse submundo em que vivem não há espaço para fantasia.

Vale a pena, ainda, destacar o prólogo do filme. Enxuto, com pequenos fragmentos o diretor João Batista de Andrade apresenta as principais características do protagonista: separado da mulher, repórter da televisão, namorado de uma colega de trabalho, e infeliz. Um belo exemplo de comunicação audivisual eficaz.

Enfim, com um gosto amargo, por sua dura abordagem de uma realidade doentia onde a esperança de um bom futuro não é menos pior do que a situação atual, A Próxima Vítima se aproxima do cinema de Abel Ferrara, que retratou o submundo de Nova York. E João Batista de Andrade faz o mesmo com o submundo de São Paulo.

 

A Próxima Vítima (filme)
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