A Vida Solitária de Antonio Ligabue é a cinebiografia do pintor e escultor que nasceu na Suíça, em 1899, e morreu na Itália, em 1965.
Sua história é peculiar, porque Antonio Ligabue possuía deficiência intelectual, e sofreu muito bullying, em sua infância na Suíça e, também, já adulto na Itália. Por isso, decidiu viver sozinho, isolado numa cabana na floresta, quase como um animal.
Eventualmente, uma família o acolheu, e isso salvou sua vida. Aliás, não apenas por suprir as necessidades básicas, mas porque lá havia material de pintura. Então, ele descobriu seu talento inato como artista. Posteriormente, esse dom seria reconhecido em vida, garantindo-lhe os recursos financeiros para uma vida economicamente estável.
Por outro lado, sendo esta uma cinebiografia sobre um pintor, é de se esperar que o filme apresente uma fotografia acima da média. Nesse quesito, A Vida Solitária de Antonio Ligabue cumpre essa proposta inerente. Porém, sem procurar refletir as características das obras do biografado, como fez Vincent Minnelli em Sede de Viver (1956), que conta a história de Van Gogh. Mesmo assim, o diretor de fotografia Matteo Coco traz belas colorações e enquadramentos. Por exemplo, quando Ligabue corre com um vestido em uma floresta, e a câmera do alto da cena final.
Direção e elenco
Porém, o filme peca pelo seu tom frio, que se opõe à personalidade descontrolada do protagonista. O diretor Giorgio Diritti opta por não explorar os momentos dramáticos da vida do artista retratado, e o resultado é o afastamento do espectador. Diritti, em seu quarto longa ficcional, realiza um trabalho apenas correto. Já o ator Elio Germano impressiona no papel principal, sem permitir que as características do personagem levem ao caricatural. Como resultado, seu trabalho levou ao prêmio de melhor ator do Festival Internacional de Berlim,
A Vida Solitária de Antonio Ligabue revela esse artista para o mundo. Mas, a sua vida sofrida merecia um retrato mais caloroso.
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Ficha técnica:
A Vida Solitária de Antonio Ligabue (Volevo nascondermi) 2020, Itália, 120 min. Direção: Giorgio Diritti. Roteiro: Giorgio Diritti, Tania Pedroni, Fredo Valla. Elenco: Elio Germano, Oliver Ewy, Leonardo Carrozzo, Pietro Traldi, Orietta Notari, Andrea Gherpelli, Francesca Manfredini, Gianni Fantoni, Paola Lavini.
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