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O Desprezo (filme)
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O Desprezo

Avaliação:
10/10

10/10

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Crítica | Ficha técnica

O Desprezo é um dos melhores filmes de Jean-Luc Godard. Nele, o diretor consegue equilibrar suas tendências vanguardistas com a narrativa clássica. Com isso, obtém um resultado criativo, mas também compreensível.

O lado ousado de Godard surge na abertura, ao listar os créditos através de uma narração, ao invés de exibi-los de forma escrita. Durante a leitura desses créditos, Godard apresenta o ambiente do filme. Enquanto isso, uma câmera em cima de trilhos acompanha os atores que se aproximam da tela, revelando a metalinguagem da estória. O filme é criativo também ao inserir recortes de cenas que já foram exibidas em repetições recorrentes, para demonstrar os pensamentos dos personagens. Esse processo espelha os momentos em que nos arrependemos e as imagens dos nossos atos que tentamos julgar insistem em voltar a nossa mente.

BB: o que você acha dos meus…

Brigitte Bardot sempre foi bem generosa com sua nudez na sua carreira e em O Desprezo talvez se encontre a cena mais antológica de seu corpo. Nela, a personagem de Bardot e seu marido estão na cama. Ela, nua, de bruços pergunta ao companheiro sobre cada uma de suas partes do corpo, com voz sensual e uma belíssima trilha sonora de Georges Delerue, até chegar nas partes mais íntimas. A iluminação à meia-luz se clareia progressivamente, acompanhando o ritmo da cena. E, mais importante de tudo, nada é gratuito e integra a narrativa da estória, pois demonstra a insegurança da personagem em relação a ser ainda atrativa para o marido.

Desprezada

Camille (Bardot) não entende o motivo de seu marido Paul (Michel Piccoli) entregá-la de bandeja a Jeremy (Jack Palance). Ele é o produtor norte-americano mulherengo que está investindo num filme dirigido por Fritz Lang (interpretado por ele mesmo), para o qual Paul está sendo contratado para tratar o roteiro a fim de torna-lo mais comercial. Logo depois que os três se conhecem, Paul não se opõe a deixar Camille aceitar o convite de Paul para dar-lhe uma carona até sua casa no seu carro de apenas dois lugares. Quando ele chega, bem depois, na casa, Camille está fria e agressiva, por se sentir desprezada pelo marido.

O gradual desmoronamento do relacionamento do casal é mostrado mais visualmente do que em discussões novelescas. Enfim, culmina com uma tragédia, como que para exteriorizar os sentimentos represados dentro de Paul, sempre contido. Dessa forma, Godard mergulha o espectador nesse casamento que chega ao seu ocaso, afastando o julgamento por uma compreensão sincera do que conduz os personagens a esse fim.


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