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Aos Olhos de Ernesto
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Aos Olhos de Ernesto

Avaliação:
9/10

9/10

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Crítica | Ficha técnica

Raras vezes o idioma espanhol soou tão poético como em Aos Olhos de Ernesto. Aliás, o espanhol com o peculiar sotaque uruguaio, origem do protagonista. Há 46 anos vivendo em Porto Alegre, Ernesto sofre com uma cegueira quase total. Mesmo assim, ele se recusa a se mudar para São Paulo para viver com a família do seu filho. Quando ele conhece Bia, uma jovem cuidadora de cães, sua solidão pode ter um fim. No entanto, ela não é totalmente confiável.

Em seu segundo longa de ficção, a diretora Ana Luiza Azevedo logo estabelece uma forte empatia do público com o personagem principal. Contando com a estupenda interpretação de Jorge Bolani (de Sr. Kaplan), as características de Ernesto logo constroem uma figura forte e carismática. Apesar de seus olhos traírem sua antiga profissão de fotógrafo, Ernesto mantém sua autoconfiança. Que, aliás, lhe dá forças para os embates diários com seu vizinho e melhor amigo argentino (Javier, papel de Jorge D’Elía). Em uma cena divertidíssima, os dois competem quem tem os piores indicadores nos exames médicos, enquanto jogam xadrez.

O filme reforça a proximidade do espectador com o protagonista ao torná-lo cúmplice da artimanha que o vivaz Ernesto prepara para ter certeza de que Bia o está roubando. Principalmente, pelo humanismo com que resolve essa questão. Ao invés de puní-la, prefere mostrar-lhe o valor da honestidade. Em paralelo, Bia abre o coração de Ernesto para um antigo amor por uma amiga uruguaia. E ainda lhe encoraja a vivê-la, sem deixar que a velhice seja um obstáculo.

Direção, roteiro e elenco

A direção segura da experiente Ana Luiza Azevedo, diretora de vários curtas, documentários e produções televisivas, evita planos que aproximem do teatro filmado as constantes conversas entre dois personagens. Pelo contrário, Ana Luiza Azevedo varia bastante os planos e ainda leva as cenas para locações fora do apartamento de Ernesto.

Além disso, extrai ótimas atuações de Jorge Bolani e Jorge D’Elía, ambos impagáveis. Porém, não consegue uma atuação à altura por parte de Gabriela Poester. Por isso, sua Bia soa um pouco artificial e não consegue engajar o público, mesmo com sua história triste.

Contudo, talvez o maior trunfo de Aos Olhos de Ernesto seja mesmo o roteiro, de autoria da diretora com o mestre Jorge Furtado. Os personagens, as falas, o enredo, enfim, tudo se encaixa perfeitamente. Aliás, o protagonista Ernesto até se assemelha ao fascinante personagem do filme Real Beleza (2015), de Furtado. Interpretado por Franciso Cuoco, Pedro também está praticamente cego, mas continua uma pessoa imponente.

Acima de tudo, o filme nos deixa a mensagem de percebermos o bem em todas as pessoas. Em outras palavras, de ver aos olhos de Ernesto. Ou de Frank Capra.


Aos Olhos de Ernesto (filme)
Aos Olhos de Ernesto (filme)
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