Arremessando Alto (Hustle) traz Adam Sandler no meio do caminho entre seus tradicionais papéis cômicos e suas eventuais empreitadas em outros gêneros, como o sombrio Joias Brutas (Uncut Gems, 2019). O longa equilibra momentos de humor, por conta de tiradas espertas do personagem de Sandler; e outros dramáticos, típicos dos filmes de esporte como este.
A Netflix, produtora de Arremessando Alto, tem apostado em cineastas novos. É o caso de Jeremiah Zagar, cuja longa de estreia, o indie We The Animals (2018) despertou a atenção da crítica. Aliás, foi até tema do curso “Cine-Vivência Percorrendo Masculinidades”, realizado pela parceria Escola no Cinema e Instituto Gestalt de Vanguarda Claudio Naranjo, em 2020.
A aposta deu certo, e este segundo filme de Zagar traz traços de produção independente (principalmente no segmento rodado em Madri e no trecho filmado nos subúrbios de Filadélfia). Nessas passagens, o uso da câmera na mão é adequado com a busca incerta em lugares improváveis; e também é empregado apenas quando os personagens enfrentam instantes de alto impacto emocional.
Uma história de superação
Embora o roteiro repita o típico enredo de filmes de esportes, a história é envolvente. A autoria pertence a Will Fetters, de Nasce Uma Estrela (A Star Is Born, 2018), e Taylor Materne. Este último é responsável pelo game NBA 2K20, portanto tem expertise suficiente para garantir a autenticidade de quem conhece bem o mundo do basquete profissional nos EUA.
O argumento traz, como sempre acontece neste gênero cinematográfico, várias lições para esportistas (que se estendem para a vida). Ou seja, ser competitivo, sempre jogar para ganhar, aprender com as derrotas, e manter a cabeça no lugar, para não “perder para si mesmo”, como diz o personagem de Sandler. E, claro, treinar arduamente; e as sequências deste processo remetem imediatamente a Rocky (1976), cuja história também se passa na Filadélfia).
Na trama, Sandler vive Stanley Sugerman, um ex-jogador da NBA que agora é um experiente olheiro para o time do Philadelphia 76ers. Em uma de suas viagens de procura por talentos, ele encontra Bo Cruz (Juancho Hernangomez), um amador com talento excepcional, jogando nas quadras de rua em Madri. Então, investe até o seu dinheiro para apresentá-lo à liga profissional americana, pois o novo presidente do 76ers, seu antagonista, não banca essa descoberta. Assim, a partir desse mote, o filme explora aquelas lições que mencionamos que sempre estão presentes nos filmes de esporte.
Magia dentro das quadras
Um dos pontos altos do filme são as incríveis cenas dentro das quadras. Além de bem filmadas, os atores, que são jogadores profissionais da NBA, fazem lances mágicos. Afinal, se dentro de um jogo competitivo eles já brilham, imagine num filme com tudo bem ensaiado. Por outro lado, eles ainda são atores competentes, inclusive o protagonista Juancho Hernangomez; o que não surpreende, visto que a NBA e outros esportes de primeira linha são considerados como parte da indústria do entretenimento americano.
Assim, para os fãs de basquete, Arremessando Alto, é um tiro certeiro; mas, também agrada a outros espectadores que apreciam uma boa história de superação.
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Ficha técnica:
Arremessando Alto | Hustle | 2022 | 1h57min | EUA | Direção: Jeremiah Zagar | Roteiro: Will Fetters, Taylor Materne | Elenco: Adam Sandler, Queen Latifah, Juancho Hernangomez, Ben Foster, Kenny Smith, Robert Duvall, Jordan Hull, María Botto, Ainhoa Pillet, Heidi Gardener.
Distribuição: Netflix.