No filme Arritmia, o paramédico Oleg vive uma rotina extenuante, fruto da adrenalina dos resgates e do drama do divórcio proposto por sua mulher Katya.
Ao mesmo tempo que Oleg se dedica plenamente à sua profissão, ele não poupa esforços para salvar a vida de seus pacientes. Com isso, deixa a paixão em seu casamento se esvair. Porém, sua esposa, a enfermeira Katya, não aguenta mais sua indiferença e decide pedir o divórcio.
Enquanto Oleg procura um novo lugar para morar, ele se conforma em dormir num colchão na cozinha no pequeno apartamento do casal. O drama familiar, porém, não pode atrapalhar sua missão de salvar vidas. E Oleg não receia peitar seus chefes e colegas para obter o que procura, mesmo que passe por cima das regras do hospital.
A direção
O diretor Boris Khlebnikov, em seu sexto longa-metragem, abre o filme com uma sequência mal filmada. Nesse sentido, os enquadramentos são feios, os cortes abruptos, e ainda traz uma personagem chata como paciente. Além disso, a imagem é limpa demais. De fato, parece que faltou um tratamento na pós-produção para tirar o aspecto de vídeo e trocar pelo de cinema.
E esses defeitos técnicos de Arritmia perduram por todo o filme. Apesar de incomodarem, o roteiro possui qualidades que sobrepujam esses problemas.
Os personagens
Para começar, os personagens são humanos e cativantes, principalmente o casal de protagonistas.
Assim, Oleg é um profissional comprometido, que de fato se preocupa com seus pacientes. Mas, o que o torna interessante, no campo profissional, são suas soluções não ortodoxas, que funcionam, porém, desagradam os médicos e a diretoria do hospital onde trabalha. Já no relacionamento com a esposa, ele é negligente, bebe demais e se aproxima da esposa somente quando quer sexo.
Aos poucos, ele passa por um amadurecimento durante o filme. Entende que precisa se enquadrar nos padrões exigidos pelo seu empregador e ainda assim salvar vidas. No campo pessoal, deve aprender a se importar sinceramente com a esposa.
E o personagem coadjuvante Katya procura uma vida amorosa mais satisfatória. Nesse sentido, ela é interessante por não ser unidimensional. Enfim, manifesta a vontade de se separar, mas a melhor alternativa seria ter Oleg como ele era quando namoravam. Por isso, ela recorre às músicas que ouviam naquela época.
Em suma, o roteiro sugere um ritmo ágil e o diretor reproduz essa intenção no filme. Como em seriados como Grey’s Anatomy e Plantão Médico (ER), esse ambiente naturalmente permite uma rotina com emoções à flor da pele. E Arritmia apresenta Oleg em várias missões de resgate, que evitam que o filme se torne monótono.
De fato, com um pouco mais de esmero nos aspectos técnicos, Arritmia seria um filme ainda mais emocionante.
___________________________________________
Ficha técnica:
Arritmia (Aritmiya) 2017, Rússia/Finlândia/Alemanha, 116 min. Direção: Boris Khlebnikov. Rot: Boris Khlebnikov, Nataliya Meshchaninova. Elenco: Alexander Yatsenko, Irina Gorbacheva, Nikolay Shrayber, Maksim Lagashkin, Lyudmila Motornaya, Sergey Nasedkin.
Por fim, destacamos que e filme Arritmia está na programação do Festival de Cinema Russo, que acontece entre 10 e 30 de dezembro de 2020.
