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Assim Como no Céu (filme)
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Assim Como no Céu

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

O prólogo de Assim Como no Céu é uma visão que se concretiza na sua história. Lise, de 14 anos, vê uma nuvem que se avermelha e pingos de sangue caem em seu rosto. Essa forte imagem metaforiza a virada em sua vida após um evento que acontece nos próximos dias.

Filha mais velha de um casal com vários filhos, ela é a primeira que vai para a escola estudar. O que é perda de tempo, segundo o seu pai, pois no campo onde moram há trabalho demais para todos. Lize se encontra no limiar entre criança e adulta, mas suas responsabilidades ainda se restringem a brincar com os irmãos mais novos.

Porém, tudo muda quando sua mãe apresenta problemas no parto do novo membro da família. O pai, ao ver a esposa gravemente enferma, dá um violento tapa em Lise. Aparentemente, se trata de um ato impensado, uma reação instantânea à sua frustração por não poder fazer nada para salvar sua mulher, misturado com a preocupação sobre o futuro da família sem ela. Mas, também, o tapa serve como um chacoalhão na filha, que agora deve assumir a responsabilidade como a principal figura feminina na casa.

Tintas marcantes

Neste seu longa de estreia, a diretora dinamarquesa Tea Lindeburg não aceita meios tons. As dores de sofrimento da mãe, durante o parto, ecoam nos ouvidos da garota Lise como gritos de monstros de um filme de terror. Apavorada, a menina reza a Deus pela sua recuperação, e um vento forte surge como resposta. Temos a impressão de que Assim Como no Céu tomará rumos espirituais, lembrando a trama de A Palavra (Ordet, 1955), do também dinamarquês Carl Theodor Dreyer, que também se centrava nos impactos de um parto complicado.

Porém, Assim Como no Céu insiste em se manter com os pés na terra. Em especial, para Lise, que agora precisa deixar a escola e sua esperança de não seguir o destino de gerações das mulheres da sua família. Num longo plano, ela encara o espelho – olhando para a câmera – e repensa sobre o seu novo papel. Aquela menina sorridente e brincalhona cedeu seu lugar para uma mulher séria e trabalhadora. Então, em belíssima sequência, ela pega o ancinho, enquanto a câmera sobe para mostrar a protagonista, de muito longe, caminhando para o vasto campo onde irá capinar.

Por outro lado, o filme de Tea Lindeburg salienta a força feminina. Afinal, enquanto foca na transição de Lise para a vida adulta, o enredo mostra um pai beberrão e mulherengo, sem condições de cuidar da fazenda. Entre os jovens, vemos um adolescente vizinho quase bestial e um irmão adotivo de Lise que precisa ir embora porque ninguém mais apoia sua permanência, além da falecida.

Enfim, um filme com uma consistência forte, pintado com tintas marcantes que revelam uma cineasta promissora e com muita personalidade.


Assim Como no Céu (filme)
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