Charlize Theron interpreta a espiã Lorraine Broughton em Atômica numa perigosa missão em Berlim, em 1989. A trama se desenvolve em meio aos tumultos que levaram à queda do muro que dividia a cidade.
O filme se baseia na graphic novel “The Coldest City”, de Antony Johnston e Sam Hart. Mas, contrariando a maioria das adaptações de HQs para o cinema, como Sin City (2005) e 300 (2006), o diretor David Leitch optou por evitar as cenas de ação estilizadas. Com isso, ele evita esse recurso que transforma o protagonista em figuras próximas a super-heróis, com poderes extra-humanos.
Treinada para o combate
Assim, em Atômica, a heroína Lorraine Broughton não usa superpoderes. Ela é uma pessoa normal treinada para o combate devido à sua profissão de agente secreta. Por isso, nas lutas, ela apanha bastante ao enfrentar adversários fisicamente mais fortes. Às vezes, precisa de uma ajuda para vencer o confronto. E nem sempre vence. Por isso, ela se aproxima do James Bond interpretado por Daniel Craig, que também segue nessa linha mais visceral.
Como resultado, esse acaba sendo o diferencial do filme Atômica. Tendo uma protagonista mais humana, as cenas de ação se tornam mais brutais, pois não há a certeza de que ela triunfará. As sequências se aproximam da realidade, e nesse ponto se destaca o momento em que ela está no carro com um traidor dos comunistas que ela deve proteger. A colisão que o veículo sofre e que o arremessa para dentro de um rio parece incrivelmente verdadeiro, não só pelas imagens como também pelo uso do som.
Por outro lado, Atômica também surpreende pela inesperada cena de sexo de Lorraine Broughton com uma agente francesa, e nenhuma com algum personagem masculino. Aparentemente, Charlize Theron prefere não injetar uma dose alta de sedução na sua protagonista, mesmo nas cenas de nudez. Dessa forma, isso o contribui para torná-la mais humana, fugindo do clichê.
Pontos fracos
Porém, o filme tem alguns pontos fracos. A identidade do agente traidor é muito previsível e o personagem David Percival (James McAvoy) soa superficial demais. Fica até a suspeita de que algumas de suas cenas foram limadas na edição do filme. Por isso, não funciona a sequência quando há uma troca de ponto de vista, mudando de Lorraine para Percival, que fala diretamente para a câmera.
Se os efeitos de som em Atômica merecem aplausos, a trilha sonora cansa o espectador. Afinal, ela traz uma seleção de canções que parecem ter sido selecionadas diretamente da lista de mais tocadas do ano na Alemanha em 1989.
Mas, como as cenas de ação conseguem empolgar pela sua opção por retratar uma heroína humana, Atômica merece uma conferida.
Ficha técnica:
Atômica (Atomic Blonde, 2017) EUA/Alemanha, 115 min. Dir: David Leitch. Rot: Kurt Johnstad. Elenco: Charlize Theron, Sofia Boutella, James McAvoy, John Goodman, Toby Jones, Eddie Marsan, Daniel Bernhardt, Bill Skarsgård, James Faulkner, Barbara Sukowa
Universal Pictures
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