Pesquisar
Close this search box.
Poster do filme "Baby"
[seo_header]
[seo_footer]

Baby

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Baby segue o naturalismo de Corpo Elétrico (2017), longa anterior do diretor Marcelo Caetano. Mas traz uma dureza, talvez até crueldade, que cerceia a liberdade do protagonista, que é gay como no outro filme e convive com a comunidade LGBTSQIA+. Porém, a diferença crucial é que ele, Wellington (João Pedro Mariano), passou três anos preso na Fundação CASA. Quando sai de lá, descobre que seus pais, que não o visitavam na instituição, se mudaram e não deixaram nenhum endereço. Fugiram do filho, para dizer de forma mais direta. O motivo fica subentendido quando o jovem encontra a tia e na casa dela perguntam se os amigos deles são da igreja.

Sem apoio da família, Wellington busca seus antigos amigos da comunidade, que se reúnem numa praça no centro de São Paulo. Muitos deles tentam ganhar a vida fazendo performances, mas a visão do filme não é romântica. Apelam para furtos, inclusive num cine pornô onde Wellington conhece Ronaldo (Ricardo Teodoro). Mantendo a dureza do retrato desse cenário, esse homem maduro de 40 anos se prostitui e vende drogas. Logo, numa abordagem “pigmaleão às avessas” ou Perdidos na Noite (Midnight Cowboy, 1969), Ronaldo ensina Wellington a se prostituir e a traficar. O breve trecho em que ele dá aulas de boxe parece existir para salientar essa relação mestre e aprendiz, pois o enredo não envolve esse esporte.

Sem inocência

Nesse submundo para onde Wellington é sugado, a inocência não tem vez. Os laços familiares existem, mas não tocam esse universo. Ronaldo tem um filho, e convive bem com ele, a mãe e a companheira dela, enquanto Wellington consegue, pelo menos, reencontrar a sua mãe (o pai não o aceita de jeito nenhum). O rapaz chega a iniciar um namoro com um homem de classe média, mas o relacionamento dura pouco, estragado pelo preconceito por ter passado um tempo na Fundação CASA.

Baby não apresenta falsas esperanças. Para Wellington, seguir os passos de seu mentor parece ser uma das suas melhores alternativas. Há piores, como a cilada que o fornecedor de drogas prepara para o jovem, induzindo-o ao vício para cooptá-lo para sua gangue. Ou o abuso policial, sempre um risco alto para ele que vive envolvido no ilícito. Por ironia, na trama o que o salva de um castigo mais duro é o fato de o pai ter sido um policial.

Nesse cenário de poucas opções, o diretor Marcelo Caetano novamente valoriza a liberdade confrontadora dos performers que se apresentam nos espaços públicos – é onde Wellington parece se encontrar, pelo menos nesse momento ainda inicial de sua vida. A reconciliação com Ronaldo, que acontece num ônibus, depois é reforçada no plano final, que parece um take que não seria aproveitado no corte final – pelo zoom e pela movimentação que procuram o foco e o melhor enquadramento. É como se simbolizasse essa busca do protagonista, incerta, tentando encontrar o que funciona melhor, na base da tentativa e erro. Relaciona-se, também, com o próprio diretor Marcelo Caetano na sua procura pelo seu melhor cinema. Nesse sentido, Baby é uma evolução, um filme com mais textura, tanto no visual quando na dramaturgia.   

___________________________________________

Ficha técnica:

Baby | 2024 | 107 min. | Brasil, França, Países Baixos | Direção: Marcelo Caetano | Roteiro: Marcelo Caetano, Gabriel Domingues | Elenco: João Pedro Mariano, Ricardo Teodoro, Ana Flavia Cavalcanti, Bruna Linzmeyer, Luiz Bertazzo, Marcelo Varzea, Mauricio de Barros, Kyra Reis, Patrick Coelho.

Distribuição: Vitrine Filmes.

Estreia dia 9 de janeiro de 2025 nos cinemas.

Cena do filme "Baby"
Cena do filme "Baby"
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo