O título nacional resulta numa indesejada confusão com O Baile das Loucas (Le bal des folles, 2021), dirigido e estrelado por Mélanie Laurent, e que também se passa numa instituição psicológica para mulheres em Paris no fim do século 19. Mas, os enredos são distintos. Em Baile das Loucas (Captives), de Arnaud des Pallières, uma mulher sã de 35 anos, chamada Fanni Devander (Mélanie Thierry), se interna voluntariamente no hospício La Pitié Salpétrière para encontrar sua mãe, Camomille (Yolande Moreau), e tirá-la dali.
Como não poderia ser diferente, Fanni encontra um cenário de terror. Muitas das internas estão injustamente ali, e sofrem nas mãos da abusiva supervisora La Douane (Marina Foïs). Além da busca pela mãe, outra ação movimenta a narrativa: os preparativos para o evento anual “Baile das Loucas”, que conta com a participação de algumas detentas selecionadas. Neste ano, o baile será especial, pois o ministro comparecerá para conceder um prêmio à diretora do La Pitié Salpétrière.
O incômodo
O diretor do filme, Arnaud des Pallières, se esforça para passar ao espectador a sensação incômoda desse ambiente. Por isso, a câmera balança muito, os planos são curtos e com enquadramentos variados, inclusive com quebra do eixo. Porém, o recurso mais recorrente é o uso do zoom de forma abrupta. Desta forma, des Pallières pretende comunicar o desconforto de Fanni.
Além disso, os personagens, tanto as internas quanto as funcionárias, são retratadas como pessoas bizarras. La Douanne, por exemplo, fala com as outras usando a conjugação da 3ª pessoa, como se quisesse se distanciar delas. As internas possuem aparência e atitudes de loucas de fato, não há uma preocupação em caracterizá-las com artificialismo para agradar o politicamente correto. Entre as detentas, destaca-se a presença da veterana atriz Carole Bouquet, no papel da nobre musicista trancada em uma casa à parte dentro da instituição.
O objetivo de incomodar é atingido, mas Baile das Loucas falha em trazer o incomodado espectador para dentro da história, para assim torcer pela protagonista. A ausência do perigo, ou melhor, da empatia com o sofrimento que passa Fanni torna esse relato desagradável e frio. Prefira o baile de Mélanie Laurent.
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Ficha técnica:
Baile das Loucas | Captives | 2023 | 119 min | França | Direção: Arnaud des Pallières | Roteiro: Christelle Berthevas, Arnaud des Pallières | Elenco: Mélanie Thierry, Josiane Balasko, Carole Bouquet, Marina Foïs, Yolande Moreau, Lucie Zhang.
Distribuição: Imovision.
Trailer:
