Pesquisar
Close this search box.
Baixeza (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

Baixeza

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

Baixeza (Criss Cross, 1949) integra a melhor fase do diretor Robert Siodmak, aquela dos seus film noirs. A sua trama é típica no gênero, com um protagonista masculino essencialmente do bem que entra no mundo do crime manipulado por uma femme fatale.

Os primeiros minutos de Baixeza soam propositalmente incompreensíveis. O personagem principal Steve (Burt Lancaster) se encontra às escondidas com Anna (Yvonne De Carlo) no estacionamento de um bar. O dono do estabelecimento, Slim Dundee (Dan Duryea), é o marido dessa mulher. Steve entra no bar e briga com Dundee, sob as vistas do tenente Pete Ramirez (Stephen McNally). Tudo não passa de encenação, pois os antigos rivais agora planejam juntos roubar o carro de valores que Steve dirige. No dia seguinte, já ao volante e iniciando a execução do golpe, a câmera se aproxima de Steve para indicar o início do flashback que contará como a história chegou nesse ponto.

O flashback

Então, entra o voice-over característico do filme noir. Steve conta como retorna para Los Angeles, relutante em admitir que procura sua ex-mulher Anna, de quem se afastou por insistência da mãe e do amigo Pete, que a consideram uma pessoa má. De fato, Anna se casa com Dundee, por interesse. Porém, mesmo assim, tanto Steve como o espectador continuam acreditando que a moça possui beleza interior tão forte quanto a exterior. No entanto, o visual noir, com o chiaroescuro, as sombras e as linhas diagonais indicam que essa personagem é uma femme fatale. Nesse sentido, merece atenção a cena em que ela está no apartamento em frente à janela, com essa fotografia típica, e o funicular Angels Flight subindo a ladeira ao fundo. E, indiretamente ela induz Steve a se oferecer para roubar o carro de transporte de valores que ele mesmo dirige.

Os desfechos, tanto do golpe, quanto, principalmente do filme em si, evidenciam o pessimismo do gênero. A conclusão pode ser moralista, pois reforça que o crime não compensa. Mas, acima desse moralismo, domina o desencantamento do sujeito bom cuja ruína foi amar a pessoa errada.

A direção

A direção de Robert Siodmak é precisa. As imagens na tela contam claramente a narrativa, sem que o espectador precise se esforçar para entendê-la. Por exemplo, o trajeto do caminhão de valores até o destino é marcado pelo carro dos bandidos que o seguem, devidamente refletido no espelho retrovisor do carro. Aliás, outro espelho estrategicamente posicionado permite enxergarmos o que Steve vê de sua cama no hospital. E, a câmera do alto mostra o caminhão entrando na empresa onde ocorrerá o assalto, apresentando a geografia do local para que o público não se perca. Com isso, e com cortes cirúrgicos, e planos-detalhe, compreendemos tudo o que acontece durante o confronto entre os seguranças e os bandidos, mesmo com a fumaça que encobre a cena. Parece simples, mas megaproduções atuais, em especial nos filmes de super-heróis, trazem sequências desse tipo totalmente incompreensíveis.

Após realizar filmes notórios dentro do noir, como Assassinos (The Killers, 1946) e Uma Vida Marcada (Cry of the City, 1948), Robert Siodmak se mostra mais do que seguro em Baixeza, um dos seus últimos dentro do gênero.

___________________________________________

Ficha técnica:

Baixeza | Criss Cross | 1949 | 84 min | Estados Unidos | Direção: Robert Siodmak | Roteiro: Daniel Fuchs, William Bowers | Elenco: Burt Lancaster, Yvonne De Carlo, Dan Duryea, Stephen McNally, Tom Pedi, Percy Helton, Alan Napier, Griff Barnett, Meg Randall, Richard Long, Joan Miller, Edna Holland, John Deucette, Marc Krah.

Onde assistir "Baixeza":
Baixeza (filme)
Baixeza (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo