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Blade Runner 2049 (filme)
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Blade Runner 2049

Avaliação:
9/10

9/10

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Crítica | Ficha técnica

“Blade Runner 2049”, assim como seu predecessor realizado em 1982, trata a ficção científica com seriedade. Por um lado, o futuro retratado em suas estórias revela o impacto da tecnologia em contínua evolução. Porém, vai além, e se abre para o elemento místico que interfere no racionalismo científico. Dessa forma, permite um salto evolutivo que a humanidade só consegue explicar como sendo um milagre.

Na nova estória, Ryan Gosling vive K. Ao contrário do Deckard em “Blade Runner, o Caçador de Andróides” (1982), K logo é apresentado como um replicante trabalhando como um blade runner. Em plena missão, ele encontra um androide da época do primeiro filme, ou seja, de trinta anos antes, e o extermina. Enquanto isso, o robô-drone do veículo de K registra fotos do local. Então, ao reportar os dados para sua chefe, a Tenente Joshi (Robin Wright), descobre-se uma caixa enterrada no local. Ao resgatá-la, o que se encontra dentro dela são os ossos de uma replicante que morreu em trabalho de parto. Trata-se de Rachael, personagem interpretada por Sean Young no primeiro filme. Enfim, esse milagre da concepção de uma máquina é um fato tão revolucionário que a Tenente Joshi ordena K a destruir todos os vestígios desse acontecimento, inclusive a criança que foi concebida.

Deckard

Durante sua missão, K se convence cada vez mais que ele é a criança que nasceu da androide Rachael. Logo, K parte atrás de Deckard (Harrison Ford), que agora vive isolado, bem instalado com tudo que necessita para viver confortavelmente. O encontro é dramático, pois K pode estar diante de seu pai.

Então, K enfrenta as forças da Wallace Corporation, empresa que adquiriu a antiga fabricante de androides do primeiro filme. Seu proprietário, Niander Wallace (Jared Leto), quer descobrir o segredo do fenômeno da concepção de um replicante. Com isso, pretende multiplicar sua fabricação e construir mão-de-obra necessária para chegar a outros planetas. Porém ele está cego e frágil fisicamente. Portanto, usa como ferramenta a androide Luv (Sylvia Hoeks), versão empoderada do modelo de Rachael. Luv é extremamente hábil em combate armado ou em lutas, capaz de desferir chutes letais de artes marciais.

Atmosfera perturbadora

“Blade Runner 2049” constrói e mantém uma atmosfera perturbadora durante suas duas horas e quarenta e três minutos de duração. Encontramos a Los Angeles de 2049 mais esfumaçada que há 30 anos. Agora, a publicidade em neon abandona os painéis dos edifícios para invadir as ruas em hologramas que interagem com os transeuntes, oferecendo companhia e sexo virtual. O próprio K se revela cliente dessa tecnologia. Possui uma Joi (Ana de Armas), sua companheira holográfica com quem interage como se fosse real. Com ela, consegue até praticar sexo, usando uma prostituta humana como o corpo com quem Joi se sincronizará para simular que ela está presente no ato.

Além do visual caprichado, marca de Ridley Scott, diretor do primeiro filme, o que consegue manter a qualidade é a trilha sonora. A original, obra eletrônica de Vangelis, se tornou elemento marcante do clima do filme de 1982. Desta vez, o multipremiado Hans Zimmer se uniu a Benjamin Wallfisch para compor uma trilha agonizante, elevando a níveis torturantes a angústia que o filme provoca no público.

Aliás, em algumas sessões, alguns espectadores abandonaram a sala de cinema antes do final, sucumbindo à aflição provocada não só pela música, como também por algumas cenas fortes. Por exemplo, numa delas, Niander Wallace, frustrado por não descobrir o segredo da concepção, rasga um protótipo de novo modelo de androide na altura do ventre. Em outra sequência, na luta entre Luv e K, os dois tentam estrangular um ao outro durante longos minutos desesperadores. Eis a mão do diretor Denis Villeneuve em ação.

Adicionando seriedade

Sem dúvida, Villeneuve corrobora a opinião de quem acredita que esse cineasta aborda um gênero cinematográfico para adicionar seriedade à fórmula pré-estabelecida. De fato, o policial “Sicario: Terra de Ninguém” (2015) e a ficção-científica “A Chegada” (2016) exemplificam essa sobriedade de Villeneuve. Afinal, ambos instigam o espectador a refletir sobre as situações vividas na tela.

Em “Blade Runner 2049”, Villeneuve avança no tema místico e espiritual sugerido no original de 1982. Com isso, questiona se um androide poderia ter sentimentos. Um casal de androides concebendo um filho pode ser resultado da ciência, ou isso somente seria possível com uma intervenção talvez divina, um milagre? Enfim, prepare-se. “Blade Runner” e “Blade Runner 2049” representam a ficção científica séria, que provoca questionamentos.


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