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A Chegada (filme)
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A Chegada

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Depois de sacudir o gênero policial com “Sicario: Terra de Ninguém”, o diretor Denis Villeneuve agora faz o mesmo com a ficção científica em “A Chegada”

Novamente, a protagonista é uma mulher, e nela se concentra o drama maior do filme. De cara, através de uma colagem de cortar o coração, conhecemos o passado recente de Louise Banks (Amy Adams), que perdeu a filha criança devido a uma doença. Logo em seguida, essa professora de línguas é recrutada para auxiliar o governo norte-americano a se comunicar com alienígenas que pousaram 12 naves na Terra, uma delas nos EUA. Ao lado do matemático Ian Donnelly (Jeremy Renner), eles serão a chave para decifrar o motivo da vida dos seres de outro planeta. Depois, o clima fica tenso quando os outros países também evoluem nessa descoberta e alguns ameaçam uma ofensiva contra as naves.

Comunicação com alienígenas

“A Chegada” retoma a necessidade da comunicação com visitantes extraterrestres. Antes, o cinema abordou o tema em “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” (1977), de Steven Spielberg, no qual utilizaram notas musicais para esse intento. Da mesma forma, os ruídos emitidos pelos seres do filme de Villeneuve se assemelham a música. E possuem importância vital na ambientação do clima de suspense, mantida mesmo após a revelação visual dos alienígenas, que se assemelham a polvos bem desenvolvidos. Ao lado dos sons, a escrita se torna ferramenta primordial na descoberta de Louise e Ian. Nesse sentido, eles investigam os desenhos circulares que designam palavras e frases de forma muito mais avançada que a nossa.

A missão dos extraterrestes é pacífica e visa a preservação dos terráqueos, como em “O Dia em que a Terra Parou” (The Day the Earth Stood Still, 1951). No entanto, vem embalada em forma de um jogo de guerra entre países, conectando fortemente com a geração atual de gamers. Ao proporem que cada governo seja um jogador e possam então escolher suas armas, eles testam o nível de cooperação existente entre os líderes do planeta. A preservação dos habitantes daqui será vital para a sobrevivência dos próprios alienígenas no futuro.

Trajetória pessoal

A estória enfoca fortemente a trajetória pessoal de Louise Banks. Em muitos momentos críticos, ela tem um flashback de sua tragédia familiar como paralelo da situação que enfrenta. O desfecho com o relacionamento íntimo com Ian Donnelly, aliado à afirmação de um dos alienígenas de que ela pode prever o futuro, permite uma leitura mais complexa do filme do que a descoberta dos planos dos alienígenas. Então, todas as imagens do seu infortúnio pessoal podem ser visões de um futuro que pode se concretizar caso ela gere uma criança. Essa premonição e a recusa em levar adiante a ideia de conceber uma filha que morrerá ainda criança a levariam a destruir qualquer relação amorosa.

De fato, esse pensamento só muda depois do incidente com os aliens, que pode ser somente fruto de sua imaginação. É quando ela se abre e aceita viver uma união com um parceiro. Ela sabe que, mesmo que sua filha a ser concebida possa ter uma existência curta, valerá a pena sentir esse amor durante esse período. Por isso, não é à toa que ela escolhe a palavra “humana” para sua apresentação na sua primeira visita à astronave. Afinal, é nessa condição que ela deve aceitar o que virá em seu futuro.

Simbolismos

A ficção científica surgiu quando o simbolismo era necessário para refletir assuntos censurados pelo McCarthismo e pelo Código Hays. Contudo, faz anos que não vemos um filme do gênero tão carregado de simbolismos como “A Chegada”. Esse longa é capaz de fazer os espectadores pensarem em várias possibilidades de interpretação. Aliás, como conseguiu tão bem “2001: Uma Odisseia no Espaço” (1969), de Stanley Kubrick. Por esse motivo, assim como em “Sicario”, o diretor Denis Villeneuve realiza um filme de gênero que pode desagradar aos seus apreciadores, mas que provoca mais.


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