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Campo Minado (filme)
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Campo Minado

Avaliação:
6.5/10

6.5/10

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Crítica | Ficha técnica

O maior acerto de Campo Minado (Mine) é a conexão metafórica dos traumas do protagonista com a situação extrema na qual ele se encontra. Interpretado pelo ótimo Armie Hammer, Michael Stevens é um sargento estadunidense em uma missão em um deserto de um país em guerra (o filme não identifica o país). Após fracassar na missão de abater um importante alvo inimigo, ele entra num campo minado. Lá, fica preso, pois se mover o pé, poderá detonar um explosivo.

O medo como obstáculo maior

A trama se desenrola quase todo nesse cenário, com o protagonista isolado enfrentando as duras condições do deserto. Por coincidência, essa situação é muito similar à de Deserto do Ouro (Gold, 2022), que assisti há dois dias para escrever a crítica (leia aqui). Nele, o personagem de Zac Efron é vítima de sua ganância. Já em Campo Minado, o tema é outro, pois o protagonista precisa enfrentar seus fantasmas para sobreviver (além das ameaças físicas do calor, fome, sede, lobos, inimigos etc.). Assim, as esperadas alucinações que surgem pela exaustão aqui vão além da mera representação do seu estado febril. E servem para revelar o passado do protagonista. Em especial, os eventos que repercutem em sua imobilidade que pode lhe custar a vida.

É raro encontrarmos um filme que conecte tão fortemente a situação real do personagem com seus problemas psicológicos. O medo paralisa Michael Stevens, impedindo-o de seguir sua vida. Ou “continuar a se mover” (como diz a canção tema “You got to keep moving on”). É o que pede sua mãe pouco antes de morrer, ciente dos traumas que o pai violento causou nele desde sua infância. Esse mesmo medo, o filme revela, o impede de dar um passo importante como se casar com sua namorada (Annabelle Wallis). O desfecho mostrará que ele precisa superar esses receios e arriscar, afinal, será que o perigo existe ou está somente em sua cabeça?

Os Fabios

A direção e o roteiro são dos italianos Fabio Guaglione e Fabio Resinaro, que nos créditos iniciais apresentam Campo Minado como “A Fabio and Fabio Film”. É a estreia da dupla, talvez tentando se lançar como uma marca, tal qual os Daniels, ou Dan Kwan e Daniel Scheinert de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (Everything Everywhere All at Once, 2022). Porém, considerando que esse filme é de 2016 e a dupla não realizou mais nenhum filme, parece que não vingou. Pelo menos, como dupla, pois Resinaro dirigiu mais três longas após esse filme.

Justifica-se, pois enquanto o roteiro é primoroso, a direção tem suas falhas. Principalmente na construção dos personagens secundários. O fuzileiro que o acompanha na missão, Tommy Maddison (Tom Cullen), não podia ser mais irritante. Falastrão, acha que sabe tudo, e deixa evidente que se dará mal ao desprezar o aviso de perigo que indica o campo minado. O filme cresce quando ele sai de cena.

Além disso, o outro personagem errado é o misterioso habitante do deserto, chamado de Berber (Clint Dyer). Ele tem a função de ser o “grilo falante” da história, aquele que mostrará o caminho para o protagonista. Porém, ele assume uma figura de guru espiritual charlatão, com seu jeito jocoso, cheio de piadas. Ao invés dessa pegada folclórica, esse personagem funcionaria melhor em tom mais sério e severo. Assim, explicaria por que ele não presta uma ajuda mais significativa ao sargento; por exemplo, levando-lhe água e comida.

Enfim, apesar desses solavancos, o filme consegue superar esses problemas, e entrega um desfecho acima das expectativas. E com mensagens solidamente inseridas na trama.

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Ficha técnica:

Campo Minado | Mine | 2016 | 1h46 | EUA, Espanha, Itália | Direção e roteiro: Fabio Guaglione, Fabio Resinaro | Elenco: Armie Hammer, Annabelle Wallis, Tom Cullen, Clint Dyer, Geoff Bell, Juliet Aubrey.

Onde assistir:
Campo Minado (filme)
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