“Colossal” foi o último filme de Anne Hathaway antes de ela dar à luz ao seu primeiro filho, em março de 2016. Na verdade, as filmagens aconteceram entre outubro e novembro de 2015, portanto, quando ela já estava grávida. O momento pessoal especial também espelha uma escolha profissional diferenciada, já que a superestrela escolheu trabalhar nesse filme pequeno, em termos de orçamento. Desta forma, contrastando com as grandes produções dos anos anteriores. De fato, “Colossal” tem jeito de filme independente, com proposta de simbologia e tudo. Porém, não funciona plenamente.
A princípio, a ideia é interessante. Depois de ser expulsa do apartamento do namorado por beber demais, Gloria (Anne Hathaway) volta para sua cidade natal, a pequena Mainhead, onde a casa onde morava com os pais está vazia e disponível. Lá encontra por acaso Oscar (Jason Sudeikis), um amigo de infância com quem dividiu uma experiência marcante, que só será revelada no final do filme. Enquanto isso, um monstro no estilo Godzilla surge em Seoul, e Gloria e Oscar acompanham as notícias sobre esse assunto pela televisão.
Acontece que Gloria descobre que o monstro é uma derivação dela, e ele repete seus gestos toda vez em ela entra uma área de um playground da cidade. Logo, um robô gigante também aparece ao lado do monstro, e ele é a personificação de Oscar. As criaturas gigantes são perigosas, porque, mesmo sem intenção, causam mortes na Coreia. O relacionamento entre os dois entra em conflito e isso aumenta os riscos de uma catástrofe ainda maior.
Metáfora
A metáfora fica evidente. Gloria e Oscar possuem problemas com o álcool, e quando bebem demais são um risco para as pessoas a sua volta, principalmente aquelas mais queridas. São perigosos para a sociedade, como os monstros que se originam a partir deles. Quando Gloria visita pela primeira vez o bar de Oscar, ela não presta atenção no que o amigo fala, porque seu olhar está na prateleira cheia de garrafas.
Essa boa premissa, porém, perde força ao longo do filme, quando o namorado de Gloria chega à cidade e entra em choque com Oscar. A cena em que este acende um barril com fogos de artifício dentro do seu próprio bar acaba com qualquer interesse no filme. Depois disso, a grande revelação da infância dos dois protagonistas já não convence mais como elemento fantástico.
Prejudicam o resultado também as atuações fracas de Anne Hathaway e Jason Sudekis. A atriz, talvez devido à gravidez, está surpreendentemente apática, com visual desleixado, totalmente sem o glamour que lhe garantiu a fama. Sudekis, pelo contrário, está um canastrão, exagerando tremendamente sua performance, sendo o principal responsável por tirar a seriedade da premissa inicial. Os efeitos especiais em CGI são simples, limitados ao baixo orçamento, mas por isso mesmo “Colossal” dependia muito de seus atores. E é por isso que não consegue aproveitar o criativo argumento central.
Ficha técnica:
Colossal (Colossal, 2016) 109 min. Dir: Nacho Vigalongo. Com Dan Stevens, Anne Hathaway, Jason Sudeikis, Tim Blake Nelson, Austin Stowell, Agam Darshi, Rukiya Bernard.
Paris Filmes.
Assista: entrevista com Anne Hathaway e Jason Sudeikis