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Com a Maldade na Alma (filme)
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Com a Maldade na Alma

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Injustamente esquecido, Com a Maldade na Alma é um poderoso suspense de um diretor talentoso e que traz duas estrelas em fase final da careira. Robert Aldrich dirige esse filme surpreendentemente violento contando com Bette Davis e Olivia de Havilland nos papéis principais.

Na verdade, Robert Aldrich pretendia reunir Bette Davis e Joan Crawford, numa tentativa de repetir a dupla do seu sucesso O que Terá Acontecido a Baby Jane? (1962). De fato, Crawford chegou a gravar várias cenas do filme. Porém, desentendimentos com o diretor e com Bette Davis acarretaram a sua demissão. Para o filme, a feição angelical de Olivia de Havilland permitiu que o público percebesse sua personagem como uma pessoa bondosa, o que seria mais difícil com Joan Crawford, estigmatizada como vilã. Nesse sentido, a troca foi benéfica para o filme.

A estória

A trama de Com a Maldade na Alma se desenrola perto de Baton Rouge, no estado sulista da Louisiana. O prólogo possui cerca de 15 minutos, e mostra um crime passional cometido com requintes de crueldade, em 1927. John Mayhew pretendia largar sua esposa Jewel e fugir com Charlotte, a filha de um rico fazendeiro. Porém, este convence John a desistir da ideia. Então, depois de comunicar sua decisão à amante, uma pessoa misteriosa o assassina decepando sua mão e sua cabeça.

Como o pai de Charlotte é influente, ninguém é condenado. Porém, todos têm a certeza de que sua filha é a culpada. Inclusive, ela mesma.

Só então surgem os créditos do filme, e a estória recomeça no ano de 1964. Charlotte (Bette Davis) é rica, mas vive sozinha na mansão do pai, que já faleceu. Quem quebra seu isolamento é sua mal-humorada, mas leal, governanta (Agnes Moorehead), e o velho amigo médico Drew (Joseph Cotten).

Porém, Charlotte enfrenta o problema da desapropriação de suas terras para a construção de uma estrada. Apesar de notificada há meses, ela se recusa a sair de sua casa, que será demolida em poucos dias. Logo, chega a sua prima Miriam (Olivia de Havilland), que talvez possa dar uma ajuda nesse assunto. Contudo, Charlotte começa a ter alucinações cada vez mais frequentes, e fica num estado psicológico deplorável.

Do terror ao suspense

Em suma, essa é uma trama bem elaborada, e guarda uma resolução que pode surpreender o espectador. Ademais, a narrativa transita entre dois gêneros. Primeiro, começa como um filme de terror, deixando em dúvida se fica no psicológico ou adentra o sobrenatural. Depois, vira uma estória policial, num clima de suspense crescente que revela um plano de influenciar Charlotte a pensar que está louca. Aliás, nesse ponto, o enredo lembra o filme À Meia Luz (1944), que também contava com Joseph Cotten no seu elenco.

Sob outro aspecto, com exceção de Olivia de Havilland, os outros dois protagonistas, Bette Davis e Joseph Cotten, atuam num tom exagerado. Nessa fase final de sua carreira, Davis frequentemente interpretava uma personagem perturbada, como esta Charlotte. Além de sua expressão facial e corporal, e os vestidos esdrúxulos, a atriz sempre fala gritando, sublinhando seu estado mental. Já Joseph Cotten demonstra afetação como o sulista típico que escancara sua condição de vilão detestável. Quanto a Olivia de Havilland, a atriz está magistral em sua faceta dupla que esconde a maldade por trás da aparência de boazinha.

Porém, quem ganharia uma indicação ao Oscar é Agnes Moorehead, no papel coadjuvante da governanta. Em alguns momentos, essa personagem Velma serve como alívio cômico do filme, função reforçada pela trilha sonora exagerada, principalmente quando indica essa pegada humorística. Agnes Moorehead, mais conhecida entre nós como a mãe de Elizabeth Montgomery no clássico seriado A Feiticeira (1964-1972), alterna esses lances engraçados com outros muitos sérios.

Além dessa indicação, Com a Maldade na Alma ainda concorreu ao Oscar em seis outras categorias. Foram elas: fotografia, direção de arte, figurino, em filmes preto e branco, bem como edição, canção original e trilha sonora.

Spoilers adiante

Por fim, o filme apresenta a solução do mistério do antigo crime no último diálogo entre Miriam e o médico Drew. Mas, somente para o espectador, que daí entende a reação agressiva da viúva Jewel ao rever Miriam na cidade. Já para a personagem Charlotte, a sua paz de espírito chega com a carta de Jewel, que a escreve para ser aberta somente após sua morte. Assim, simpático investigador de seguros Harry entrega a carta a Charlotte no momento derradeiro do filme. Nela, Jewel confessa seu crime.

Enfim, Com a Maldade na Alma é mais um grande filme do diretor Robert Aldrich. Juntamente com O que Terá Acontecido a Baby Jane? (1962), A Morte Num Beijo (1955) e O Vôo da Fênix (1965), representam provas de seu talento, que merece uma melhor apreciação.

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Ficha técnica:

Com a Maldade na Alma (Hush…Hush, Sweet Charlotte) 1964. EUA. 133 min. Direção: Robert Aldrich. Roteiro: Henry Farrell, Lukas Heller. Elenco: Bette Davis, Olivia de Havilland, Joseph Cotten, Agnes Moorehead, Cecil Kellaway, Victor Buono, Mary Astor, Bruce Dern, George Kennedy.

Onde assistir:
Com a Maldade na Alma (filme)
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