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O Vôo da Fênix (filme)
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O Vôo da Fênix

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Aldrich flerta com a Nova Hollywood em “O Vôo da Fênix”

“O Vôo da Fênix” é um daqueles filmes-catástrofe inteligentes, que enfatizam ao lado da ação uma análise comportamental e psicológica dos personagens, e ainda permite leituras metafóricas em relação ao zeitgeist do momento de sua produção. Compara-se a “Um Barco e Nove Destinos” (Lifeboat, 1944), de Alfred Hitchcock, outro grande filme desse gênero que depois sofreu com as fórmulas de sucesso de “Aeroporto” (Airport, 1970) e suas continuações, “O Destino do Poseidon” (The Poseidon Adventure, 1972), “Terremoto” (Earthquake, 1974), “Inferno na Torre” (The Towering Inferno, 1974), e tantos outros.

Grupo heterogêneo

Na estória de “O Vôo da Fênix”, um pequeno avião transporta um grupo heterogêneo de passageiros, todos homens, de nacionalidades distintas, sobre o deserto do Saara, quando sofre uma pane e faz um pouso forçado nas areias. Na queda, dois passageiros morrem e o aeroplano se danifica. O veterano piloto Frank (James Stewart) tenta acalmar a situação, alegando que logo serão resgatados, mas, à medida que o tempo passa, surgem os conflitos entre os sobreviventes.

Logo, dois deles resolvem sair caminhando pelo deserto à procura de ajuda, apesar da recomendação contrária de Frank. Com isso, a situação abre a oportunidade para o diretor Robert Aldrich exercitar a gramática visual, ao contrapor a partida dos desesperados com as cruzes dos mortos que foram enterrados.

A contragosto de Frank, e de alguns passageiros xenofóbicos, a melhor solução vem do passageiro alemão Heinrich. Afinal, ele é um projetista de modelos de avião, e propõe que construam um aeroplano menor usando as peças do bimotor que se quebrou. Apesar do clima tenso, todos trabalham em equipe para tentarem se salvar.

Nova Hollywood

“O Vôo da Fênix” antecipa o estilo da Nova Hollywood que influenciaria o cinema americano dali a poucos anos. E que Aldrich abraçaria e lançaria filmes totalmente inseridos nesse contexto, como “Resgate de uma Vida” (The Grissom Gang, 1971). Já nos créditos iniciais, o nome dos atores aparece quando a sua imagem é congelada, identificando claramente quem é quem.

Adicionalmente, os personagens também fogem da tradição clássica. Por exemplo, o protagonista Frank é um anti-herói, preconceituoso, descontrolado e que toma muitas decisões erradas. Já Heinrich, que assume a liderança no plano de salvamento, também não é quem parece ser. Depois, Aldrich ousa ainda quebrar o mito de nunca usar o zoom da câmera, como quando o sargento olha para o capitão.

Metáfora da indústria

Além do estilo, o filme também é uma metáfora para a situação da indústria do cinema americano na época. Hollywood estava em plena decadência, principalmente por causa da competição da televisão, mas também porque a produção europeia atraía mais atenção por sua ousadia. Logo depois, a nova geração de cineastas logo abraçaria as influências estrangeiras e um dos personagens profetiza que “os homens com computadores vão dominar o mundo”.

Aliás, James Stewart simboliza o cinema clássico hollywoodiano, até mesmo porque ele é um ator veterano consagrado nessa indústria. Seu personagem refuta a influência do alemão argumentando que possui anos de experiência no ramo. A sua opção de ficarem parados aguardando um resgate faz um paralelo com a resistência dos antigos donos de estúdio, que insistiam no cinemão clássico. Contudo, assim como Frank, perceberam que precisariam mudar, o que abriria as portas para a nova geração de cineastas da Nova Hollywood.


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