Poster do filme "Conclave"
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Conclave

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

O diretor alemão Edward Berger parece conhecer os caminhos que levam ao Oscar. Seu filme anterior, Nada de Novo no Front (2022), mesmo sendo uma produção da Netflix, concorreu a nove estatuetas e ganhou quatro, incluindo a de melhor filme internacional. Agora, seu Conclave segue bem cotado para acumular muitas indicações, abrangendo as principais categorias.

O filme é divulgado como um thriller que se passa no Vaticano, mas, no fundo, se revela como uma analogia do cenário político atual. Como o seu título sugere, a trama envolve a eleição de um novo Papa, após a morte do sumo pontífice atual. A responsabilidade de administrar esse processo vai para o decano Lawrence (Ralph Fiennes). Embora ele deva ser neutro, Lawrence tem seu candidato favorito, o liberal Bellini (Stanley Tucci), principalmente para evitar que o conservador Tedesco (Sergio Castellitto) assuma o posto. Outra opção que agrada a Lawrence é o sul-africano Adeyemi (Lucian Msamati). Já outro postulante forte, Tremblay (John Lithgow), aparentemente tinha sido destituído pelo Papa morto, em um encontro privado.

São pouco mais de cem cardeais votantes, por isso, várias votações precisam ser realizadas até que um candidato obtenha a maioria de dois terços.

Até certo momento, o processo se assemelha a uma investigação criminal, com Lawrence fazendo o papel de detetive. Parece que todos os candidatos possuem alguma mancha que destrói sua possibilidade de assumir um cargo tão respeitado. Gritos no meio da noite, documentos escondidos, sabotagens, escândalos sexuais, bombas, enfim, tudo leva à suspeita de que algo terrível se oculta por trás dos rigorosos rituais da igreja cristã. Não seria a primeira vez no cinema, vide O Nome da Rosa (1986) e, especialmente, Anjos e Demônios (2009), que também se passa durante um conclave.

Analogia política

Contudo, à medida que o filme vai desenhando os seus contornos políticos, cresce a sensação de que tudo não passa de pistas falsas. Uma infeliz fala de Lawrence, inadequadamente engraçada, comparando uma reunião sigilosa a três com os conchavos de uma plenário das eleições dos Estados Unidos, derruba o suspense que manteve o espectador cativado e se transforma numa fácil metáfora da situação polarizada da política atual. Em outras palavras, um embate entre liberais e conservadores. Por conseguinte, o surgimento de uma terceira via, que vai comendo pelas bordas, se torna tão óbvia quanto a analogia do jabuti que aparece de repente em uma cena. Resta uma surpresa final, mas esta também se curvando ao espírito da época desta produção.

Na direção, Edward Berger novamente peca pela falta de tato. Se em Nada de Novo no Front abusou das imagens ultraviolentas para ressaltar a evidente carnificina de uma guerra, desta vez deixa que discussões em voz alta sobre assuntos sigilosos aconteçam em lugares onde outras pessoas possam escutar, como o corredor dos dormitórios dos cardeais. Além disso, Berger desperdiça a oportunidade de criar um ambiente claustrofóbico durante o conclave, ao filmar cenas que acontecem fora do recinto de extrema segurança. Por outro lado, esteticamente o diretor capricha nos enquadramentos que aproveitam a arquitetura dos cenários.

Em suma, Conclave cria um crescente suspense enquanto lança suspeitas sobre vários personagens. Mas, o filme se enfraquece quando escancara sua metáfora política demasiadamente simplista.

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Ficha técnica:

Conclave | 2024 | 120 min. | Reino Unido, EUA | Direção: Edward Berger | Roteiro: Peter Straughan | Elenco: Ralph Fiennes, Stanley Tucci, John Lithgow, Isabella Rossellini, Sergio Castellito, Lucian Msamati, Carlos Diehz.

Distribuição: Diamond Films.

Trailer:

Trailer de “Conclave”

Onde assistir:
Ralph Fiennes e Stanley Tucci em "Conclave" (distribuição)
Ralph Fiennes e Stanley Tucci em "Conclave" (distribuição)
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