A panorâmica da paisagem do alto da montanha que abre o filme Cowboys, juntamente com seu título, dão a impressão de que assistiremos a um faroeste. Mas, embora a sua história se passe no campo, e os protagonistas viagem montados em um cavalo, o longa está mais para o drama, e claramente levantando a bandeira LGBTQIA+. Ou seja, é tão western quanto O Segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain, 2005).
É a transexualidade do menino Joe (Sasha Knight), de 10 anos, que movimenta a trama de Cowboys. Sua mãe, Sally (Jillian Bell), não aceita a sua condição, e insiste em vesti-lo com roupas de menina e negar-lhe brinquedos de caubói. Então, o pai, Troy (Steve Zahn), já separado da mãe, pega o filho para iniciar uma vida juntos no Canadá. Sally avisa as autoridades e a polícia inicia uma perseguição considerando o ato um sequestro.
Esse enredo sem surpresas ganha consistência com os vários flashbacks não-lineares que surgem ao longo do filme. Descobrimos, assim, que Troy é bipolar e hiperativo, precisando tomar remédios para se manter estável. Em uma de suas recaídas, agrediu o sobrinho e o cunhado e, por isso, passou um tempo na prisão. Os flashbacks servem, também, para tirar da burocracia a direção clássica da estreante Anna Kerrigan, que faz um trabalho correto, exceto por um ou outro deslize (por exemplo, uso da distância errada num dos contraplanos, e a confusa montagem que deixa em dúvida se Troy conseguiu recuperar seus comprimidos no riacho).
Elenco
Salva-se, acima de tudo, a mensagem inclusiva. Para tanto, os realizadores do filme fizeram questão de escalar um ator que realmente é trans para o papel de Joe. Por fim, já que estamos comentando sobre o elenco, vale apontar que Steve Zahn interpreta o típico personagem malucão que costuma fazer. Portanto, como a trama em si, nada de surpresas nisso também.
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Ficha técnica:
Cowboys | 2020 | 86 min | EUA | Direção e roteiro: Anna Kerrigan | Elenco: Steve Zahn, Jillian Bell, Sasha Knight, Ann Dowd, Gary Farmer, Chris Coy, John Reynolds, Bob Stephenson.
