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Um Broto Legal (filme)
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Um Broto Legal

Avaliação:
5.5/10

5.5/10

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Crítica | Ficha técnica

Um Broto Legal apresenta um retrato colorido e ingênuo da vida de Celly Campello. Com isso, o tom do filme se aproxima do rock and roll dos anos 1950 do repertório da cantora. É uma comédia musical, com muito humor caricato por parte de todos os personagens secundários; geralmente se aproveitando do conflito de gerações da época, e das diferenças em relação aos dias atuais.

O filme acompanha a trajetória de Celly (Marianna Alexandre) desde sua juventude em Taubaté, no interior de São Paulo. Quem incorporava, de fato, o espírito rock’n’roll era o irmão mais velho, Tony Campello (Murilo Armacollo). É ele quem surge nos palcos na primeira cena chocando o público do clube da cidade, ao tocar “Rock Around The Clock”. Então, Tony entra em conflito com a mãe ultraconservadora, e o pai lhe arruma um emprego em São Paulo. Logo, inicia sua carreira musical e faz o possível para que a irmã o acompanhe. Sua insistência junto ao diretor da Odeon rende frutos com o megassucesso “Estúpido Cupido”, a versão de Celly Campello da música de Connie Francis. O enredo se encerra no início dos anos 1970, quando a cantora encerra sua carreira para se casar com seu namorado de Taubaté.

Boa moça

O fim precoce de sua trajetória artística revela claramente a imagem de boa moça que todos guardam de Celly Campello. E que, aliás, o filme preserva respeitosamente. Na tela, vemos que a cantora não enfrentou conflitos maiores do que sua briga com o namorado, que era contra sua carreira musical, e para quem ela acabou cedendo. Não sabemos se sua vida foi realmente tão tranquila, mas esse retrato que Um Broto Legal apresenta nada acrescenta ao público que conhece a cantora, e traz uma ideia superficial para quem quer saber quem ela foi.

Para a narrativa, essa abordagem reverencial blinda a protagonista de tal forma que extingue as oportunidades dramáticas da trama. E, até mesmo os méritos por ela ter resistido às pressões do diretor artístico da Odeon, que não acreditava que uma mulher pudesse ser uma estrela do rock, acabam enfraquecidos pela preocupação em criar uma cena engraçada.

Tony Campello, por sua vez, tem sua participação no filme gradativamente reduzida conforme a narrativa avança. No início, possui certo protagonismo, mas, à medida que a irmã se torna mais famosa que ele, Tony desaparece da história – e, emblematicamente, no palco se limita a fazer os vocais de apoio para Celly. Assim, a trama deixa uma lacuna enorme sobre como esse personagem se sentiu nesse processo, ao abdicar de seu próprio sucesso em prol da fama da irmã. Difícil acreditar que ele não sentiu nenhuma mágoa, mas o filme prefere não se aprofundar.

Muita música

Os segmentos musicais, por outro lado, são numerosos e longos demais. Isso pesa principalmente no início de carreira dos irmãos, pois o filme apresenta, quase na íntegra, canções menos conhecidas de Tony Campello e de Celly Campello, em performances separadas. E o filme mostra a cena da apresentação per se, em sessões de estúdio, sem aproveitar as possibilidades de uma montagem que pudesse desenvolver a narrativo. Esse recurso só surge durante “Banho de Lua”, quando vemos a dupla em vários palcos distintos, revelando a evolução em tempo e fama de Celly. E, um pouco timidamente, na canção-título, desperdiçando o potencial de uma inserção com forte apelo emocional pois se tratava de sua despedida da vida artística.

Mas a produção é caprichada. Os cenários, as roupas, as maquiagens, enfim, tudo em cena compõe um belo filme de época. Há o detalhe ousado de utilizar capas de revistas e de discos reais, com os verdadeiros Tony e Celly, uma quebra de paradigma que desafia a reconstituição com atores que personificam os biografados; e que pode ou não ser bem aceito pelo espectador.

Por fim, vale apontar que os fãs apreciarão essa viagem nostálgica aos tempos ingênuos do rock and roll de Celly Campello. A imagem do ídolo se mantém intacta, sem risco de desagradar os seus seguidores. Porém, Um Broto Legal não se atreve a desvendar o que se passava por dentro da cantora e de seu irmão.


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