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Crescendo Juntas (filme)
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Crescendo Juntas | Por Sérgio Alpendre

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Crescendo Juntas é o título brasileiro, pelo menos por enquanto, de Are You There God? It’s Me, Margaret, segundo longa de Kelly Fremon Craig, a diretora do surpreendente Quase 18 (The Edge of Seventeen, 2016). O filme é uma adaptação do famoso e homônimo livro infanto-juvenil de Judy Blume e tem estreia garantida no Brasil, embora ainda sem data definida.

Mais uma vez, acompanhamos anseios e angústias de uma adolescente. Aqui, Margaret (a ótima Abby Ryder Fortson) tem 12 anos. No outro filme, a protagonista tem 17. Cinco anos representam uma baita diferença quando se está na adolescência, e a diretora sabe tirar o maior proveito das duas situações. Em Quase 18, as perspectivas da entrada na vida adulta, na faculdade, em um namoro sério. Em Crescendo Juntas, o medo de demorar para ter a primeira menstruação ou de começar a usar sutiã.

Margaret entra no grupo liderado por Nancy, uma menina rica, com pais conservadores. Nesse grupo, estão ao todo quatro meninas que disputam uma corrida pelo rito de passagem. A menstruação assusta, mas é desejada por elas. O sutiã incomoda, mas não ter necessidade de usá-lo incomoda mais. Todas parecem gostar do mesmo garoto, menos Margaret. Mas ela tem vergonha de assumir a paixão pelo amigo do irmão de Nancy. O tempo se encarrega de colocar as coisas em seus devidos lugares, para depois mexer com elas novamente. Assim é a vida. Margaret ainda não sabe disso.

Ela tenta falar com Deus. Apesar de estar livre de aderir a uma religião por enquanto, graças a uma combinação da mãe cristã (Rachel McAdams) com o pai judeu (Benny Safdie), ela tenta encontrar algum sentido para as coisas que acontecem, mas não recebe respostas. Talvez, pela proximidade com a mãe, que passa mais tempo em casa, tente primeiro chegar a Deus. Paralelamente, pede para a avó paterna (uma excelente Kathy Bates) a levar num templo judaico.

Curioso que o filme se passa em 1970, mas depois de um tempo até esquecemos disso. A diretora é tão hábil na apresentação das personagens, na exposição do enredo (uma mudança de cidade e a necessidade de ir para outra escola), no desenrolar da trama, e conta com pequenas atrizes tão adoráveis, que acompanhamos quase tudo com um sorriso no rosto.

O filme lembra, de leve, Meninas Malvadas (Mean Girls, 2004), de Mark Waters, mas com meninas na entrada da adolescência. Curiosamente, foi o filme de Waters que revelou Rachel McAdams, que ali fazia o papel equivalente da pequena Nancy, a líder mimada da turma.

Apenas na meia hora final, quando os clichês, que até então vinham sendo usados de modo criativo, ou no mínimo funcionais, jogam o filme na vala do trivial. Até nos emocionamos, porque afinal acompanhamos o sofrimento da pequena Margaret desde o começo e queremos que ela passe pelo rito de passagem de maneira mais tranquila possível. Mas é inevitável a decepção pelo que a própria diretora nos prometia até então. Ela deixa de brincar com os clichês para se apoiar preguiçosamente neles. Eis a diferença.

Crescendo Juntas sobrevive, sobretudo pela admirável primeira hora. O cinema americano ainda sabe fazer minimamente bem esse tipo de filme, para a nossa sorte. Mas a grande qualidade de Quase 18 – não deixar a peteca cair em momento algum – não é reprisada por Kelly Fremon Craig em seu segundo longa, infelizmente.

Texto escrito pelo crítico e professor de cinema Sérgio Alpendre, especialmente para o Leitura Fílmica.

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Ficha técnica:

Crescendo Juntas | Are You There God? It’s Me, Margaret. | 2023 | 106 min | Direção e roteiro: Kelly Fremon Craig | Elenco: Abby Ryder Fortson, Rachel McAdams, Kathy Bates, Benny Safdie, Elle Graham, Amari Alexis Price, Katherine Mallen Kupferer, Kate MacCluggage.

Distribuição: Paris Filmes.

Onde assistir:
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