Poster de "Crônica de uma Relação Passageira"
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Crônica de uma Relação Passageira

Avaliação:
7,5/10

7,5/10

Crítica | Ficha técnica

Crônica de uma Relação Passageira, do diretor francês Emmanuel Mouret, herda fortes influências das comédias românticas americanas dos anos 1980, de cineastas como Nora Ephron, Garry Marshall e, principalmente, Woody Allen.

O par romântico da trama possui muitas peculiaridades. Simon (Vincent Macaigne) é casado, o que afeta ainda mais o seu caráter estressado ao iniciar um caso com Charlotte (Sandrine Kimberlain), que é divorciada e leva uma vida sozinha de um jeito todo descontraído. O filme começa num bar, com os dois se vendo pela segunda vez após se beijarem em uma festa. O enredo estabelece as características deles nessa sequência inicial. O cauteloso Simon quer apenas conversar e conhecê-la melhor, mas a descolada Charlotte pensa em irem logo para a casa dela para fazerem sexo. Fechando essa apresentação dos personagens, ela convence-o a aceitar a sua proposta.

De maneira esquemática, cartelas apresentam os próximos capítulos. Felizmente, a intenção é apenas constatar que os encontros semanais dos dois amantes se tornam cada vez mais frequentes. Apenas os fins de semana ficam reservados para Simon dedicar à sua família. Mas, esse limite também será rompido, demonstrando que a relação está mais forte do que os dois querem admitir.

Cria-se um certo suspense em relação a uma guinada no relacionamento, um passo mais liberal em direção a um sexo a três. Charlotte e Simon se dirigem para a casa de Louise (Georgia Scalliet), que está insatisfeita com seu marido, e quer experimentar novamente algo que vivenciou na juventude. Mas, os três ficam acanhados, principalmente Simon, como era de se esperar. Será que o ménage vai rolar?

A direção de Emmanuel Mouret

Entre as influências americanas, Crônica de uma Relação Passageira se aproxima mais dos filmes de Woody Allen. O roteiro se vale de uma quantidade numerosa de diálogos que, por serem inteligentes e charmosos, se tornam o ponto forte do filme. Allen também inspira a forma. Manter a câmera fixa e deixar os personagens falando fora do quadro é uma característica do diretor novaiorquino (que por sua vez se espelha em Ozu). Em dois planos, o diretor Emmanuel Mouret mantém na tela a reação de Charlotte, pensando sobre o que Simon acabou de dizer, antes de cortar para a próxima cena – recurso muito presente no cinema de Allen. É possível perceber até certa semelhança na forma de Charlotte se vestir em certas cenas com o estilo de Diane Keaton ao interpretar Diane Hall (e na vida real também).  

Emmanuel Mouret revela, por outro lado, um capricho louvável nos enquadramentos. Filma majoritariamente com a câmera fixa, ou movimentando-a sobre o tripé. Com habilidade, Mouret ajusta o tamanho da tela, conforme a cena pede, através de molduras dentro do quadro formadas pelo que está no cenário, como paredes, portas, armários. Quando utiliza o zoom, o faz de um jeito discreto.

Apesar dessas qualidades todas, Crônica de uma Relação Passageira se prejudica na parte final, ao deixar que o personagem Simon extrapole o seu problema de falar demais quando fica nervoso. O personagem fica chato, não para o que acontece na história, mas chato para o espectador. Fica se lamentando de tudo, arrependido por não ter sido mais incisivo na relação. O pior é que essas lamúrias acabam dando certo para ele – porém, para o filme, a conclusão desaponta. Esse epílogo frustrante estraga o que era, até então, uma comédia romântica deliciosa.

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Ficha técnica:

Crônica de uma Relação Passageira | Chronique d’une liaison passagère | 2022 | França | 100 min. | Direção: Emmanuel Mouret | Roteiro: Emmanuel Mouret, Pierre Giraud | Elenco: Sandrine Kiberlain, Vincent Macaigne, Georgia Scalliet.

Distribuição: Mares Filmes.

Trailer:

Onde assistir:
Cena de "Crônica de uma Relação Passageira"
Cena de "Crônica de uma Relação Passageira"
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