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Poster do filme "Deixe-me"
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Deixe-me

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

Estreia em longas do diretor suíço Maxime Rappaz, Deixe-me instiga a predisposição do espectador de julgar as outras pessoas. Esse exercício surge logo no início do filme. A protagonista, Claudine (Jeanne Balibar), pega um trem para a pequena cidade vizinha nas montanhas, para ali escolher um desconhecido no hotel e ir para a cama com ele. Sexo casual, sem nenhum compromisso. Poderia não provocar nenhuma crítica, mas a cena seguinte leva a esse caminho. Em casa, Claudine cuida de Baptiste (Pierre-Antoine Dubey), seu filho adulto com necessidades especiais. Ao colocar lado a lado essas duas facetas, o filme parece indagar se seriam inconciliáveis os papeis de mãe e amante.

A esse cenário, acrescenta-se o fato de que o pai está ausente. Portanto, o olhar julgador já não tem o argumento da infidelidade. No entanto, o filme provoca com outra atitude de potencial questionamento. Claudine usa as informações dadas pelo seu amante do dia, geralmente um turista, para escrever cartas ao filho como se tivessem sido enviadas pelo pai. E, sacramenta a mentira lendo-as para ele. Agora o filme provoca se, mesmo movida pelas melhores intenções, essa mentira seria justificável.

Numa solução econômica, o roteiro demonstra que nem sempre essa rotina resulta num sexo bom. E, como já era previsível, Claudine acaba transando com um homem, Michael (Thomas Sarbacher), que pode se transformar num parceiro de um relacionamento mais sério. Diferente daquela cena do início do filme, esta é mais longa e sensual – o que entrega que um sentimento mais profundo nasce desse encontro. O enredo, com esperteza que cheira a preguiça, simplifica demais as situações para não emperrar a narrativa. Por exemplo, sem maiores explicações, Claudine não cogita apresentar Baptiste a Michael.

Distante do objetivo inicial

Ao cancelar essa alternativa, o filme novamente coloca o espectador na posição de julgador. Seria Claudine capaz de embarcar numa viagem romântica e abandonar o filho? A construção narrativa induz a pensar mal da protagonista como mãe, ao mostrá-la nos preparativos com certa frieza e mais uma vez com mentiras. No momento da decisão crucial, a interpretação de Jeanne Balibar, altamente dramática, salva esse roteiro que se afasta da provável intenção original de mostrar uma mulher dividida entre ser mãe e ser amante. Uma questão que pode acontecer dentro de qualquer família, mas que em Deixe-me recorre a uma situação mais extrema (o filho com necessidades especiais, a mãe que faz sexo com estranhos e mente) que acaba levando ao questionamento, o que provavelmente não era o objetivo inicial dos realizadores, que seria mostrar o drama da protagonista que não pode se jogar livremente em direção à sua paixão.

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Ficha técnica:

Deixe-me | Laissez-moi | 2023 | 92 min. | Direção: Maxime Rappaz | Roteiro: Maxime Rappaz, Florence Seyvos, Marion Vernoux | Elenco: Jeanne Balibar, Thomas Sarbacher, Pierre-Antoine Dubey, Véronique Mermoud.

Distribuição: Imovision.

Trailer:

Onde assistir:
Cena do filme "Deixe-me"
Cena do filme "Deixe-me"
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