Demência 13, um dos primeiros filmes de Francis Ford Coppola, é um pequeno e cativante filme de terror que transita entre o sobrenatural e o psicológico.
O seu prólogo é repleto de suspense. À noite, um casal entra num lago num pequeno bote. Enquanto a mulher reclama do testamento que sua sogra escreveu, o marido sofre um ataque cardíaco e morre. Então, ela pensa num plano para convencer a sogra a mudar o testamento. Para isso, afunda o corpo do falecido no lago. Assim, forjará sua ausência como se fosse uma viagem de negócios de última hora, conseguindo o tempo necessário para conduzir suas artimanhas.
No entanto, esse esquema ardiloso não será o centro da trama do filme. Tal qual em Psicose (1960), de Alfred Hitchcock, logo um brutal assassinato acabará com essa mulher. Na verdade, o núcleo da estória de Demência 13 consiste justamente em desvendar quem é o responsável por esta e pelas próximas mortes que logo ocorrerão.
Demência 13 sofre para conseguir apresentar os demais personagens. Apesar de não serem muitos, o roteiro não é muito claro em identificá-los. E o grupo consiste em: Lady Haloran, que é a mãe do falecido e seus irmãos Richard e Billy, com sua noiva Kane. Adicionalmente, surge mais tarde Caleb, o médico da família.
Tragédia traumática
Enfim, após essas introduções, o interesse do filme se concentra nas séries de mortes que ocorrem no antigo castelo irlandês da família. Descobrimos que há um clima sinistro com origem na trágica morte de Kathleen, a filha de Lady Haloran, que se afogou no lago quando ainda era criança. O episódio foi tão traumático que, anualmente, a mãe realiza uma cerimônia no dia de sua morte. Mesmo agora, quando os filhos já estão todos adultos. Com isso, o filme provoca a dúvida se as mortes resultam de uma ação sobrenatural de Kathleen ou de crimes cometidos por alguém desse grupo de pessoas.
Nesse momento, Demência 13 falha por não entregar o ponto de vista dessa estória para um dos seus personagens. Aliás, a candidata mais óbvia para essa função seria a noiva de Billy, a única que está acima de qualquer suspeita. E que corre o risco de ser a próxima vítima, o que traria ainda mais emoção a essa escolha. Porém, como o filme se posiciona a partir de uma perspectiva externa, isso diminui o suspense percebido pelo espectador. Por isso, Demência 13 recorrer a alguns jump scares para compensar.
Por fim, Demência 13 conclui a trama no melhor estilo whodunit, revelando quem é o serial killer, sem dar margens ao sobrenatural. Com isso, de novo remete a Psicose.
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Ficha técnica:
Demência 13 (Dementia 13) 1963. EUA/Irlanda. 75 min. Direção: Francis Ford Coppola. Roteiro: Francis Ford Coppola, Jack Hill. Elenco: William Campbell, Luana Anders, Bart Patton, Mary Mitchel, Patrick Magee, Eithne Dunne, Peter Read, Derry O’Donovan.