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Precisamos Falar Sobre o Kevin
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Precisamos Falar Sobre o Kevin

Avaliação:
9/10

9/10

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Crítica | Ficha técnica

O filme Precisamos Falar Sobre o Kevin reflete a perturbadora experiência da mãe de um adolescente responsável por uma tragédia, antes e depois do acontecimento.

O espectador é colocado na posição da mãe, Eva Khatchadourian (Tilda Swinton), que se incomoda com o comportamento de seu filho Kevin desde que ele é bebê, quando vive chorando desesperadamente. Aos seis anos, as atitudes do menino pioraram. Cada vez mais agressivo com a mãe, ainda faz cocô na fralda, não obedece a nenhuma ordem e tenta sempre provocá-la.

Apesar dos alertas de Eva, o pai não percebe nada fora do normal em relação a Kevin, inclusive porque o menino consegue habilmente manipular os adultos. Até que Kevin, adolescente, vira uma ameaça a todos ao seu redor. E depois da tragédia, Eva é malvista pela comunidade, acusada de culpada pelos acontecimentos, e ainda precisa enfrentar a sua própria instabilidade emocional.

Narrativa não-linear

A diretora Lynne Ramsay acertou ao optar por uma narrativa não-linear, alternando acontecimentos de diferentes períodos sem obedecer a ordem cronológica. Esse quebra-cabeças que o espectador vai montando ao longo do filme reflete a confusão na mente de Eva, cada vez mais desequilibrada diante das atitudes de Kevin. Através desses fragmentos, sempre do ponto de vista de Eva, acompanhamos uma mente deturpada que deseja ferir as pessoas.

A cor vermelha é evidenciada em Precisamos Falar Sobre o Kevin como se fosse o ódio que Kevin possui dentro de si. Essa é a cor da tinta que os vizinhos arremessam na casa de Eva como forma de agredi-la julgando-a como responsável pelos atos do filho. Está também nas latas de sopa de tomate atrás de Eva quando ela tenta se esconder de uma vizinha no supermercado. E o vermelho surge desde a primeira parte, uma enigmática sequência de uma multidão nas ruas, vistas de cima, espremidas e lambuzadas de lama vermelha. Até mesmo em detalhes como a geleia de morango ou o casaco de Kevin, o vermelho está presente.

Elefante

Há também uma sutil alusão ao filme Elefante (2003), de Gus Van Sant, que possui um tema semelhante a Precisamos Falar Sobre o Kevin. Quando Eva tenta brincar com Kevin, a única resposta que ele aceita devolver é repetir a palavra “elefante”.  No filme de Van Sant, o termo remete à expressão “elefante na sala”, como referência a um fato muito óbvio que ninguém consegue enxergar. No caso do filme de Lynne Ramsay, se refere ao desequilíbrio mental de Kevin.

Precisamos Falar Sobre o Kevin possui canções de rock e country dos anos 1950, cuja ingenuidade extrema contrastam com o que vemos nas telas. A escolha serve para deixar claro que algo extremamente fora do normal está ocorrendo e que não há nada de ingênuo nessa criança psicopata.

E a loucura de Kevin fica evidente quando a câmera faz um zoom extremo no personagem, recurso muitas vezes usado no cinema para tal fim. Nesse filme, o zoom vai para dentro do olho de Kevin, que reflete o alvo do arco e flecha que ele está praticando. Uma bela cena que conta tudo que acontecerá de trágico.

Sem julgamento

Não há hipocrisia nem julgamento em Precisamos Falar Sobre o Kevin. O filme evita condenar Eva, ao optar por não apresentar soluções de como ela deveria ter conduzido a situação com o filho, que sempre foi conflituosa. A mãe é quem mais sofre na história.

Em sua conclusão, Precisamos Falar Sobre o Kevin parece apresentar pelo menos um pouco de esperança. Na prisão, Kevin diz à mãe que, após dois anos da tragédia, ele já não tem certeza do motivo que o levou a agir daquela forma, e deixa a mãe abraça-lo. A cena, e o filme, termina com um fade para o branco e não para o preto, dando sinal de se poder acreditar em uma recuperação. Ou será que Kevin está novamente manipulando a mãe?

 

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