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Desejo de Matar (filme de 2018)
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Desejo de Matar (2018)

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

Essa é a nova versão do livro de Brian Garfield que deu origem ao filme de 1974, “Desejo de Matar” (Death Wish), com direção de Michael Winner. O protagonista era o lacônico Charles Bronson, que protagonizou as quatro sequências lançadas em 1982, 1985, 1987 e 1994. Agora, quem assume o papel do personagem principal Paul Kersey é Bruce Willis. Ou seja, uma mudança que representa um desafio para seu diretor Eli Roth. Afinal, Willis possui características mais expansivas. É vigoroso em cenas de ação, mas sempre as tempera com humor e sarcasmo.

A história é bem simples. Na noite de seu aniversário, Paul Kersey, um bem-sucedido cirurgião desmarca o jantar de comemoração com a família quando é chamado para uma urgência no hospital. Enquanto sua mulher e sua filha preparam um bolo surpresa, três ladrões invadem a casa e baleiam as duas. A esposa morre e a jovem fica em coma. Diante da ineficácia da polícia, Paul resolve se armar e fazer a justiça com as próprias mãos. Primeiro, com delitos que ele encontra nas ruas e, depois, para ir atrás dos malfeitores que atacaram sua família.

Em relação ao ritmo acelerado e às cenas de ação, o filme entrega o que se espera dele. Assim, não demora muito para Paul ir a uma loja de armas para fazer sua compra. Porém, lá ele titubeia e resolve adiar a decisão. Contanto, ele fortuitamente se depara com uma pistola de um paciente que acaba de ser levado ao hospital onde trabalha.

Violência

Então, sem perder tempo, “Desejo de Matar” começa a percorrer a trajetória violenta do novo vigilante em Chicago. Quando começa a perseguição aos bandidos que mataram sua esposa, o roteiro incorpora aqueles filmes com planos de vingança, como “O Abominável Dr. Phibes” (1971), o que faz o espectador ansiar pelo modo como Paul dizimará sua vítima. E, aí, entra a mão do diretor Eli Roth, responsável pelos violentos “O Albergue” (2005) e “O Albergue 2” (2007). De fato, Roth coloca duas sequências com sadismo explícito. Primeiro, quando Paul tortura o assaltante que está numa mecânica, jogando ácido no corte que fez no nervo ciático do bandido. E, depois, quando ele próprio fecha o ferimento nas suas costas usando um grampeador e cola Super Bonder.

Contudo, o diretor Roth não demonstra tanto talento além das cenas de violência e ação. Por um lado, ousa um pouco de criatividade e ele alcança grande impacto visual. Por exemplo, em uma montagem com tela dividida, em até três partes, ao som de “Back In Black” (AC/DC), que mostra o ponto onde Paul resolve se tornar um vigilante. Porém, deixa de lado a construção de um momento de suspense ou outro clima que a narrativa exija.

O split screen é novamente utilizado trinta minutos depois, em outra sequência, novamente motivado mais pelo aspecto visual. O cineasta Brian De Palma, esse sim, utiliza esse recurso com muito mais talento, e criou incríveis momentos de suspense, como em “Irmãs Diabólicas” (1972).

Pontos fracos

“Desejo de Matar” contém outros defeitos que minam suas qualidades como bom filme de ação. Afinal, soa forçado deixar a sorte decidir o destino do ataque de Paul ao primeiro dos invasores de sua casa. O médico só sobrevive porque uma pesada bola atinge a cabeça do bandido no momento em que ele ia atirar nele. Ademais, não faz sentido o plano de Knox, o mais poderoso dos assaltantes, para matar Paul em uma boate. Ele vai sozinho até o local, quando poderia ter levado alguns comparsas, e até mesmo poderia ter atacado Paul em outro lugar ou hora mais adequada.

Aliás, isso fica claro quando ele tenta matar o cirurgião em sua casa, levando dois ajudantes, algo que ele poderia ter feito antes, ao invés do encontro na boate. Para completar, também não compreendemos o motivo de Paul arriscar a vida de sua filha, levando-a para casa mesmo sabendo que Knox o atacaria lá.

Bruce Willis

O diretor, por outro lado, resolveu aquele risco de se usar Bruce Willis para o papel que ficou marcado pela figura taciturna de Charles Bronson. Para isso, adapta algumas cenas à personalidade do ator. É verdade que, em alguns momentos, parece que encontramos aquele sorriso malicioso de Willis em momentos que pedem maior seriedade. Porém, o humor tem espaço no filme, sem atrapalhar.

Por exemplo, a psicóloga elogia Paul, depois que ele secretamente começou a atuar como vigilante. Assim, lhe diz que sua aparência está melhor e que, seja lá o que ele esteja fazendo, o encoraja a continuar, porque está lhe fazendo bem. Nessa mesma toada leve, o investigador de polícia vivido por Dean Norris completa sua trajetória como personagem, ao pegar um pedaço de pizza na casa e Paul no final do filme, depois de ser mostrado várias vezes numa dieta que evita carboidratos. É uma esperta analogia com sua atitude de deixar Paul ileso de acusações. O detetive se resigna à realidade e coloca de lado as regras da dieta e das leis.

Sem entrar no mérito da discussão ética sobre a atuação de um vigilante, como filme de ação esse “Desejo de Matar” funciona, apesar de suas falhas. Mas, poderia ser ainda melhor.


 
Ficha técnica:

Desejo de Matar (Death Wish, 2018) EUA, 107 min. Dir: Eli Roth. Rot: Joe Carnahan. Elenco: Bruce Willis, Vincent D´Onofrio, Elisabeth Shue, Dean Norris, Jack Kesy, Kimberly Elise, Mike Epps, Kirby Bliss Blanton, Beau Knapp, Len Cariou, Ronnie Gene Blevins, Andreas Apergis, Camila Morrone.

Imagem Filmes

Trailer:
Onde assistir:
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