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Desterro

Avaliação:
4/10

4/10

Crítica | Ficha técnica

Em sua estreia em longa ficcional, a diretora Maria Clara Escobar adota um estilo ousado, alheio aos cânones do cinema clássico. Quanto a sua estrutura, Desterro possui uma narrativa segmentada em três capítulos, apresentados fora de ordem.

O primeiro retrata o relacionamento entre Laura e Israel, que vivem em união estável, com um filho de seis anos. O casal não briga, conversa bastante. Porém, levam uma rotina opaca, e o filme demonstra essa sensação através de planos fixos muitos longos, sem o tradicional plano/contraplano, deixando claro que os dois nem se olham enquanto falam um com o outro.

O uso das vozes em extracampo completa o quadro, seja com imagens dos protagonistas em falas que não se encaixam com o diálogo, ou focando em algum detalhe do cenário sem nenhum ator em cena. Muitas vezes, a conversa se desconecta, e uma frase interrompe o fluxo do que o companheiro queria comunicar. Na cenografia, basicamente concentrada na cozinha, os móveis estão desgastados e a mise-em-scéne parece tão sem gosto quanto o café que Laura prepara.

No segundo capítulo, Israel recebe um telefonema de um desconhecido que o informa sobre a morte de Laura. Esse trecho acompanha o marido enfrentando as burocracias e tentando se recompor para fazer o traslado da falecida.

Por fim, o terceiro segmento mostra os acontecimentos entre os outros dois capítulos. Ou seja, a fuga de Laura de sua vida sem graça em uma angustiante viagem longuíssima de São Paulo à Argentina. Durante o trajeto, ela adoece, talvez efeito da somatização de suas tristezas.

Fuga voluntária

Em meio a esse enredo de fuga do local de origem, em outras palavras, de desterro, há duas inusitadas sequências musicais que, contrariando a tradição do gênero, só reforçam os momentos de agonia (de Israel) e de solidão (de Laura). Além disso, durante a viagem de ônibus, o filme apesenta inserções de depoimentos íntimos de mulheres olhando diretamente para a câmera, com a participação especial de atrizes talentosas, como Isabel Zuaa e Barbara Colen.

Enfim, são muitas ideias em Desterro. Acima de tudo, para refletir a vida apagada de Laura. Por isso, predominam os planos longuíssimos, que fazem do filme uma cansativa viagem num sufocante ônibus.  

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Ficha técnica:

Desterro | 2020 | Brasil, Argentina, Portugal | 123 min | Direção e roteiro: Maria Clara Escobar | Elenco: Elenco: Carla Kinzo, Otto Jr., Rômulo Braga, David Lobo, Juliana Carneiro da Cunha, Grace Passô, Sara Antunes, Eduardo Moreira, Clarissa Kiste, Milsa Gomides, Helena Serizawa, Flora Dias, Julia Katharine, Bruno Kott, Carlos Francisco, Tavinho Teixeira, Georgette Fadel, Isabel Zuaa, Barbara Colen, Hu XiauDen, Maria José Novais Oliveira, Silvana Stein, Maria Luisa Fernandes Simões, Viviane Machado, Pedro Estevam, Ernani Sanches, Ricardo Calil, Camila Hermano, Lia Hermano Ramos, Leonardo Oliveira, Solano Lopes, Geraldo de Freitas, Paola Mendez, Edilson Lanzarini Nunes.

Distribuidora: Embaúba Filmes.

Onde assistir "Desterro":
Desterro (filme)
Desterro (filme)
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