Dirty Harry na Lista Negra é o último e o pior filme com esse personagem icônico de Clint Eastwood.
Dirty Harry surgiu em 1971 no eletrizante Perseguidor Implacável, dirigido por Don Siegel. O filme deu origem a três sequências consistentes e a este último, que é um fiasco.
Eastwood resolveu dar uma oportunidade ao experiente dublê de cinema Buddy Van Horn para dirigir. Por isso, deixo-o na direção de três filmes seus: Punhos de Aço (1980), este Dirty Harry na Lista Negra e Cadillac Cor-de-Rosa (1989). Enfim, todos tão fracos que estes foram os únicos títulos que Van Horn dirigiu em sua carreira.
O enredo
Na história, alguns apostadores secretamente prepararam sua lista negra (“dead pool” em inglês). Ou seja, uma relação de dez nomes de pessoas famosas que eles acreditam que morrerão. Assim, leva a bolada o apostador que completar primeiro sua lista. Então, o detetive Harry Callahan (Clint Eastwood) investiga esse caso sabendo que seu nome está na lista negra do principal suspeito, que é o diretor de cinema Peter Swan (Liam Neeson). Junta-se a Harry a apresentadora de tv e jornalista Samantha Walker (Patricia Clarkson), também listada.
Contudo, a fraca direção de Buddy Van Horn se sobressai logo na primeira sequência de ação, quando os capangas de um bandido preso por Harry o perseguem. De fato, a edição desleixada torna difícil entender se Harry acelera para frente ou de ré em seu carro. Além disso, a música exagerada faz seu ataque parecer brega e o bandido que não consegue carregar sua arma soa involuntariamente engraçado. Adicionalmente, o desfecho com Harry matando o bandido desarmado em fuga pelas costas parece forçar demais sua fama de anti-herói.
Deslizes
Esse trecho é apenas um prelúdio dos deslizes que veremos durante o filme todo. Harry ganha um parceiro, Al Quan, mas ele não fará absolutamente nada de especial na estória, exceto por uma sequência no bairro chinês. É difícil descobrir sua verdadeira função na narrativa, apesar de que desconfiamos que a ideia era introduzir uma variante do Kato do Besouro Verde.
Além disso, os diálogos muitas vezes são insuportáveis. Por exemplo, quando Harry explica para Al Quan que o ‘RIP’ ao lado do nome na lista significa ‘Rest In Peace’ (“descanse em paz”), como se o espectador (principalmente os americanos) não soubesse.
De fato, a única sequência empolgante de Dirty Harry na Lista Negra é aquela em que o assassino em série usa um carrinho comandado por controle remoto para explodir o carro do detetive. Nela, as inclinadas ruas de San Francisco servem de pista para essa perseguição em alta velocidade que funcionam bem, apesar de ser uma ideia arriscada.
Elenco e participações especiais
Na verdade, Dirty Harry na Lista Negra é mais lembrado hoje pela participação dos músicos do Guns N’Roses como extras, e de atores em começo de carreira.
No filme dentro do filme, vemos um vocalista com cara bizarra interpretando “Welcome to the Jungle”, do GNR. Isso antes de Axl Rose se tornar uma celebridade metida, caso contrário, ele não deixaria outro ator interpretá-lo. E o ator canastrão desse trecho musical é Jim Carrey, em um de seus primeiros trabalhos, ainda creditado como James Carrey.
E outro nome do elenco que se destaca é Patricia Clarkson, já interpretando um personagem importante em seu segundo longa-metragem. Antes, havia estreado em Os Intocáveis (1987), como a esposa de Eliott Ness. A atriz, que construiria uma carreira sólida no cinema e na tv, aqui está com 29 anos.
E, outro desses talentos em crescimento, é Liam Neeson, antes de se tornar uma estrela.
Dirty Harry na Lista Negra frustra as expectativas geradas pelos filmes anteriores do detetive Harry Callahan. Assim, o personagem se despede das telas por baixo.
Ficha técnica:
Dirty Harry na Lista Negra (The Dead Pool, 1988) EUA. 91 min. Dir: Buddy Van Horn. Rot: Steve Sharon. Elenco: Clint Eastwood, Patricia Clarkson, Liam Neeson, Evan C. Kim, David Hunt, Michael Currie, Michael Goodwin, Darwin Gillett, Anthony Charnota, Jim Carrey, Victoria Bastel.