O título nacional, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes, ameniza o que está explícito no original (Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves). Ou seja, que todos, heróis e vilões, são ladrões. E é nesse espírito de amoralidade que se desenrola a aventura fantástica baseada no pioneiro RPG (role-playing game) lançado em 1974 nos Estados Unidos. O lançamento do filme é oportuno, e segue a popularidade que o jogo reconquistou devido a sua função essencial na série de sucesso Stranger Things.
No filme, o ladrão Edgin (Chris Pine) e sua parceira Holga (Michelle Rodriguez) fogem da prisão e partem atrás do ex-membro da quadrilha deles chamado Forge (Hugh Grant), hoje um poderoso gestor de uma rica cidade. Edgin e Holga querem recuperar o produto do último golpe da gangue, e também resgatar a filha de Edgin, agora sob os cuidados de Forge. Mas, este conta como aliada uma poderosa feiticeira, Sofina (Daisy Head). Por outro lado, o grupo de Edgin se reforça com Xenk (Regé-Jean Page), Simon (Justice Smith) e Doric (Sophia Lillis). Para complicar, a jornada traz vários desafios pelo caminho.
Humor integrado à narrativa
O destaque maior de Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes é a mistura entre aventura e comédia. Aliás, algo que a dupla de diretores, John Francis Daley e Jonathan Goldstein, exercitou até agora em suas carreiras. Eles dirigiram juntos Férias Frustradas (Vacation, 2015) e A Noite do Jogo (Game Night, 2018). Esse mix, na verdade, faz parte da grande maioria da produção atual – os filmes da Marvel e do Homem-Aranha exemplificam bem isso – o que diferencia aqui é que o humor está integrado à ação. Não vemos aqui apenas piadas isoladas (apesar de elas também estarem presentes), mas situações engraçadas.
Por exemplo, o filme apresenta um dragão muito gordo atacando os heróis. Ele mal consegue caminhar, se movimenta rolando, muito menos voar, mas mesmo assim é extremamente letal. Ou então a imagem criada por magia de Edgin cantando para distrair os guardas do castelo. É hilário quando a criação começa a bugar! E, além disso, outro momento muito engraçado é quando Doric se transforma em uma mistura de urso com coruja e espanca de forma desajeitada e exagerada a feiticeira Sofina. Não é uma cena violenta; de fato, lembra o humor pastelão.
Altos e baixos
Porém, nem tudo funciona tão bem. O filme tenta imprimir um ritmo de montanha-russa, com um evento emocionante se sucedendo ao outro. Apesar disso, tem uma barriga na narrativa, demora muito para a reunião do grupo e apresentação dos personagens. Daí resulta nessa duração longa demais de duas horas e catorze minutos. Ademais, as cenas de ação possuem os cacoetes das produções recentes de super-heróis. Ou seja, cenas rápidas demais, repletas de cortes, e que, até por conta do uso da computação gráfica, deixa tudo muito confuso.
Enfim, o que vemos em Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes é uma produção caprichada. Conta com um elenco de nomes conhecidos, mas não de primeira linha (exceto por Hugh Grant). Ganha pontos mesmo por usar de maneira apropriada o humor como parte da narrativa. Bem melhor que a versão de 2000 dirigida por Courtney Solomon.
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Ficha técnica:
Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes | Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves | 2023 | 134 min | EUA, Canadá, Reino Unido, Islândia, Austrália | Direção: John Francis Daley, Jonathan Goldstein | Roteiro: John Francis Daley, Jonathan Goldstein, Michael Gilio | Elenco: Chris Pine, Michelle Rodriguez, Regé-Jean Page, Justice Smith, Sophia Lillis, Hugh Grant, Chloe Coleman, Daisy Head.
Distribuição: Paramount Pictures.