Entrevista com Deus é mais um filme com trama religiosa que gera recursos para entidades de caridade.
Este é mais um projeto com fins filantrópicos, todos os lucros da produtora Giving Films são destinados a doações. Tal intenção foi suficiente para alavancar o marketing de O Que de Verdade Importa (2017). Esse filme chegou à terceira posição no ranking de bilheteria no fim de semana que estreou, levando mais de 100 mil brasileiros ao cinema.
O filme foi realizado com competência pelo diretor Perry Lang, que há 23 anos trabalhava exclusivamente para a televisão. Mas, nesse filme para o cinema ele não vai além do que ele dirige em algumas séries para TV. O ponto forte de Entrevista com Deus é o roteiro, pelo menos para aqueles que já seguem uma fé baseada na Bíblia.
A história
O jornalista Paul Asher retorna do Afeganistão, onde cobriu a guerra, e se sente perturbado porque a esposa, Sarah o traiu, e o casamento está em ruínas. Então, ao comparecer para um entrevista com um homem que alega ser Deus, Paul poderá resolver suas inquietudes. São três encontros em dias diferentes, com duração de 30 minutos cada.
No primeiro, Paul age profissionalmente, procurando descobrir se o entrevistado é um impostor. O local é um parque, numa mesa com tabuleiro com peças de xadrez. A cena remete a Sétimo Selo (1957), de Ingmar Bergman, em que um homem discutia questões existenciais com a Morte.
Já a segunda entrevista, no palco de um teatro, é tensa. Paul já chega nervoso por não conseguir contato com a esposa, e se recusa a responder perguntas que Deus faz sobre ele. Ao final, o rapaz é surpreendido com a revelação que ele tem pouco tempo de vida.
Aparentemente, Paul tem um caso com Grace, a irmã de Sarah, que o procura por telefone e, depois, presencialmente, no escritório. Se a infidelidade não é expressa, pelo menos muita intimidade rola entre os dois. De qualquer forma, Grace tentar ajudar o casal a se reconciliar.
Último encontro
Por fim, o terceiro encontro acontece numa sala de hospital, sem nenhuma mesa entre os bancos onde os dois se sentam. Paul continua arredio, e Deus insiste em convencê-lo a ter fé. Então, prestes a desistir da conversa, Paul recebe mais uma prova de que o homem ali realmente é divino.
As discussões tensas são filmadas no clássico plano e contraplano, sem recursos inovadores que poderiam tornar a experiência mais fácil de se assistir. Por isso, para o filme funcionar, o público precisa se interessar no assunto ali levantado, que é a fé.
Em suma, Entrevista com Deus não esconde sua clara intenção de ser instrumento para quem necessita dessa afirmação, como o próprio personagem Paul Asher.
