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Poster do filme "Estômago"
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Estômago

Avaliação:
7,5/10

7,5/10

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Crítica | Ficha técnica

Apesar de acompanhar um chef de cozinha (ou quase isso), Estômago não pretende abrir o apetite de ninguém. A gastronomia se encontra como seu tema principal, porém, o filme está mais para Tampopo (1985) do que para A Festa de Babette (1987).

O longa de Marcos Jorge mistura comida com sexo e violência. Algumas de suas cenas juntam a preparação, ou o saboreio, das comidas com uma música agradável (de restaurante) ao fundo. Mas closes com bocas cheias de alimento e lugares sujos criam obstáculos para o estímulo do paladar dos espectadores gourmets.

O filme tem uma estrutura narrativa provocadora. Traça um paralelo entre dois momentos da vida de Raimundo Nonato (João Miguel), em fases correspondentes. Um deles traz o rapaz chegando à cidade de São Paulo, inocente, sem dinheiro, mas com talento natural para cozinhar. Começa a trabalhar em uma lanchonete espelunca, e logo suas coxinhas fazem sucesso com a clientela. Então, consegue um emprego como auxiliar de cozinha em um restaurante italiano. Em paralelo, o enredo mostra episódios equivalentes com Raimundo chegando a uma penitenciária, indefeso no meio de tantos criminosos. Aí também o seu dom para a culinária se torna sua tábua de salvação.

Essa estrutura narrativa, até certo ponto, prega uma peça no espectador. Afinal, qual dessas situações aconteceu antes? A tendência é pensar que se trata de mais uma história de um ex-presidiário que retorna à liberdade e dá a volta por cima. Porém, Estõmago é um filme brasileiro, por isso não cai na vala comum dos relatos edificantes. Quando Raimundo conta as origens do queijo gorgonzola fica evidente qual situação aconteceu antes.

Para quem tem estômago forte

Daí em diante, passa a instigar o espectador descobrir qual besteira o protagonista comete para ser condenado. E o erro deriva da imaturidade de Raimundo. Apaixona-se pela prostituta Íria (Fabiula Nascimento), glutona mais interessada nele como cozinheiro do que como amante. Por tolice, não percebe que não faz sentido sentir ciúme da amada, considerando a profissão dela. Enfim, são lições que ele aprende com a vida, como prova o outro cenário de sua história.

Além da brilhante sacada das duas narrativas, Estômago ainda entretém com outras boas ideias. Por exemplo, quando a voz em off da narração de Raimundo está sincronizada com as falas dos colegas de cela. Bem como no final quando a câmera sobe as escadas, tal qual em Taxi Driver (1976), para revelar o momento mais cruel do filme.

Contudo, nem tudo funciona. Quando Raimundo e Íria fazem sexo no restaurante, parece ser a primeira vez, mas eles já transaram junto antes quando se conheceram na lanchonete. E o humor na cena em que Íria se engasga com o pedido de casamento soa bobo, pois não combina com a acidez do restante do filme. A cena dos vermes na comida na prisão, além disso, soa apelativa e inviável (se eram da carne, que está refogada, os bichos não poderiam estar vivos).

Ou seja, não é para espectadores que buscam uma experiência gourmet. Para eles, o mais indicado seria O Sabor da Vida (2023), de Anh Hung Tran. Também não é para quem procura uma história de volta por cima. Está mais para a jornada de altos e baixos de quem aprende com a vida, uma história e um filme para quem tem estômago forte.

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Ficha técnica:

Estômago | 2007 | 100 min | Brasil, Itália | Direção: Marcos Jorge | Roteiro: Marcos Jorge, Lusa Silvestre | Elenco: João Miguel, Fabiula Nascimento, Babu Santana, Carlo Briani, Zeca Cenovicz, Paulo Miklos, Jean Pierre Noher, Andrea Fumagalli.

Onde assistir:
Cena do filme "Estômago"
Cena do filme "Estômago"
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