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Fanny e Alexander (minissérie)
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Fanny e Alexander

Avaliação:
10/10

10/10

Crítica | Ficha técnica

A minissérie “Fanny e Alexander”, feita para TV sueca, deu origem ao último filme de Ingmar Bergman exibido nos cinemas. A versão reduzida para 188 minutos com o mesmo título, ganhou quatro Oscars. Foram eles: melhor filme estrangeiro, melhor fotografia (Sven Nykvist), direção de arte (Anna Asp, Susanne Lingheim) e figurino (Marik Vos-Lundh).

Em cinco atos

“Fanny e Alexander” se divide em cinco episódios, chamados de atos, para criar uma ponte com o teatro que é a base da família Ekdahl. A estória relata o drama vivido pelas crianças Alexander e sua irmã Fanny. Depois que sua mãe fica viúva, ela se casa com um bispo extremamente rigoroso, na primeira década dos anos 1900. Para que o espectador sinta o quanto essa mudança foi abismal, o diretor Ingmar Bergman utiliza todo o primeiro ato para retratar o alegre cotidiano dos Ekdahl durante a celebração do Natal.

A fotografia de Sven Nykvist, colaborador constante do diretor, enfatiza os tons fortes, principalmente o vermelho. Assim, junto com a cenografia que distribui abundantemente tapetes, cortinas, quadros, etc, pela casa, cria um ambiente aconchegante e vibrante na grande casa visitada por muitos parentes. A ceia é farta, e reúne nesta data especial todos os criados à mesa. Destaca-se, aqui, uma sequência em que a família se junta para ouvir uma estória, a câmera sai em zoom out, partindo do narrador ao centro e se afastando até estacionar em um enquadramento perfeitamente alinhado, com vários níveis de profundidade, que lembra uma pintura renascentista

“Fanny e Alexander” não deixa que a estória e os personagens sejam superficiais. Para isso, logo após retratar essa alegria festiva do conjunto familiar, a série quebra em recortes mais intimistas de cada núcleo. Por exemplo, a falta de dinheiro de Carl, o caso extraconjugal de Gustav com sua criada, bem como a diversão de Oscar com seus filhos Fanny e Alexander e com as demais crianças.

Atos II e III

O segundo episódio, “O Ensaio Fantasma”, mostra a morte de Oscar. Isso acontece enquanto ele ensaia a nova peça do seu grupo teatral. Logo descobriremos que a trama dessa peça, que é “Hamlet”, se relaciona com a estória da minissérie. Afinal, o garoto Alexander vê sua mãe se casar novamente com um padrasto nada agradável. Além disso, ele recebe visitas do fantasma de seu pai.

Uma outra referência a fatos posteriores está na cena em que Fanny e seu irmão aguardam na copa notícias sobre seu pai que está passando mal. Os frisos da janela formam uma grande cruz sobre eles e, nesse momento, o espectador pensa que se trata de uma metáfora sobre a fé religiosa das crianças para salvar o pai. Porém, no terceiro ato fica claro que a cruz sinaliza a ameaça que estava por vir. Ou seja, o bispo que se tornaria o padrasto delas.

“Quebra”, o terceiro ato, mostra o casamento da mãe com o bispo, e o contraste da nova casa em comparação com o lar dos Ekdahl. O lema para o bispo é viver sem excessos, somente com o básico. Por isso, não há cortinas, tapetes, quadros, a cor predominante é o bege, e visualmente isso fica bem evidente. A impressão é de uma casa fria, sem vida. Seus habitantes são criadas velhas e tristes, além da mãe do bispo e a irmã, esta uma megera.

Então, no trajeto do antigo lar para a casa nova, Alexander, sua irmã e sua mãe passam pelo teatro da família, agora fechado. E vemos, atrás dele, a imponente torre da igreja, simbolizando a presença esmagadora do bispo que transforma a vida de sua nova mulher.

Atos IV e V

O verão, estação da alegria, acentua a tristeza dos novos membros da família do bispo. O quarto episódio, “Eventos do Verão”, começa com as duas crianças olhando a janela cheia de grades, como se estivessem em uma prisão. Ademais, guarda os momentos mais dramáticos da minissérie, principalmente o castigo físico que sofre Alexander. Ao trazer para a tela o lar dos Ekdahls, fica evidente o seu ambiente agradável em oposição à lúgubre casa do bispo.

O episódio se encerra com um fade out que interrompe bruscamente uma dura discussão do bispo com sua esposa Emily, mãe de Alexander. A resolução no quinto ato, “Demônios”, envolve uma crítica ao clero, quando o bispo cai em uma armadilha de um judeu amigo dos Ekdahls, inclusive com uma intervenção mística que comprova que a fé deste último era mais forte que a do bispo.

Apesar do título, Alexander é o protagonista do filme, é de seu ponto de vista que vemos a maior parte da minissérie. Sua força criativa, ou pré-disposição espírita, deixa-o suscetível a várias aparições de fantasmas, não só o de seu pai falecido, como de outros. O último desses fantasmas representa uma possível culpa que ele carregue por pensar ser responsável pelo trágico destino de seu padrasto.

“Fanny e Alexander”, como minissérie, permite uma ligação muito forte do púbico com a família Ekdhal, que não é perfeita, mas que possui aquela sensação de acolhimento que. Aliás, como acontece com as nossas próprias, e nos faz querer sempre retornar para ela.


Ficha técnica:

Fanny e Alexander (Fanny och Alexander, 1983) Suécia/França/Alemanha Ocidental, 320 min, 5 episódios. Dir/Rot: Ingmar Bergman. Elenco: Bertil Guve, Ewa Fröling, Pernilla Alwin, Jan Malmsjö, Erland Josephson, Gunnar Björnstrand, Börje Ahlstedt, Harriet Anderson, Mats Bergman, Allan Edwall, Lena Olin, Pernilla August.

Onde assistir:
Fanny e Alexander (minissérie)
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