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Frances Ha (filme)
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Frances Ha

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

“Frances Ha” preenche os requisitos do filme independente que exala frescor. Salta aos olhos a sua busca pela originalidade estética e uma questionável ousadia na estrutura narrativa.

Filmado em preto e branco, tendo Nova York como locação, a trama mostra um recorte da vida de Frances (Greta Gerwig). Ela é uma jovem que tenta sobreviver com uma carreira na dança. Ela muda de endereço várias vezes, dividindo a locação com variadas pessoas, depois que a super amiga Sophie (Mickey Sumner) recebe uma proposta de morar em outro apartamento melhor localizado e deixa Frances sozinha. O filme retrata os altos e baixos da moça durante um período aproximado de um ano.

Carga dramática leve

A carga dramática de “Frances Ha” é leve. Nesse quesito, se equipara ao posterior “Lady Bird: A Hora de Voar” (Lady Bird, 2017), pelo qual Greta Gerwig recebeu indicações ao Oscar de direção e roteiro. Gerwig, além de atriz, é também a co-roteirista de “Frances Ha”, o que explica essa semelhança. Nos dois filmes, acompanhamos um trecho da vida de uma garota normal. Suas experiências não são extraordinárias, mas que nem por isso deixam de ser marcantes para quem as vivencia. Na verdade, o que torna “Frances Ha” mais instigante é sua proposta estética.

O diretor Noah Baumbach diferencia os momentos mais felizes e mais tristes de Frances através da montagem. Assim, o filme abre com uma colagem de trechos com a protagonista e Sophie se divertindo. A brincadeira de tapas evitdencia uma intensa intimidade entre elas. Os cortes são rápidos. E, no restante do filme, essa frequência sempre representará os momentos em que Frances se sente bem. Por exemplo, quando ela visita a família no Natal ou em sua viagem para Paris.

Ao contrário, se os planos são mais longos, isso significa que Frances não está feliz. Por exemplo, depois que Sophie a deixa sozinha no apartamento que antes compartilhavam. E o mesmo ocorre quando ela se muda para o apartamento de sua colega Rachel (Grace Gummer). A resolução do filme quebra essa dicotomia, e vemos longos planos da apresentação de dança que ela criou, e ela está muito satisfeita consigo mesma. É possível também comparar os altos e baixos dos sentimentos de Frances com sua movimentação física. Quando ela está agitada, correndo, dançando, etc., está feliz.

Solução engenhosa

É engenhosa também a solução que Noah Baumbach encontrou para mostrar o impacto da decisão de Sophie de deixar de ser a companheira de apartamento de Frances. A notícia é dada em um metrô, quando as duas estão sentadas no mesmo assento.  A câmera se mantém imóvel a partir do aviso de Sophie, mantendo-se na linha dos olhos de Frances, e mostrando apenas parte do corpo de sua amiga quando ela se levanta. Enfim, quando Sophie se vai, a câmera insiste em ficar imóvel focalizando Frances, e, a partir daí, o filme se concentra apenas nela como protagonista.

A parte final da estória, porém, parece uma brincadeira com os tradicionais finais felizes. Há uma grande lacuna que não mostra como Frances acaba tão bem. Ou seja, dirigindo sua própria apresentação de dança, trabalhando em um bom emprego e vivendo em um apartamento só seu, o que permite o final poético que explica o título do filme. É uma elipse tão desconcertante que pode agradar ou desagradar o público. Independente de sua opinião sobre essa opção, “Frances Ha”, é um agradável filme independente. Aliás, uma co-produção brasileira que conta com os nomes de Lourenço Sant’Anna e Rodrigo Teixeira. São os mesmos creditados em “Me Chame Pelo Seu Nome” (Call Me By Your Name, 2017).


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