Poster de "Furiosa: Uma Saga Mad Max"
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Furiosa: Uma Saga Mad Max

Avaliação:
9/10

9/10

Crítica | Ficha técnica

Furiosa: Uma Saga Mad Max se adequa aos nossos tempos com olhares para o passado. Um ajuste fino, pois a franquia já se modernizara com o anterior Mad Max: Estrada da Fúria (2015), lançado 30 anos depois do último filme da trilogia inicial. A opção por uma heroína feminina atendeu à demanda da época, como efeito do movimento #metoo, que repercutiu em também outras produções (como Star Wars: O Despertar da Força [2015]). O ajuste fino aqui vai além desse protagonismo, considerado como terreno estabelecido, e expurga cacoetes sexistas que ainda povoam os filmes contemporâneos.

Assim, ao contar as origens da personagem-título, Furiosa: Uma Saga Mad Max evita as batidas (e ofensivas) conotações sexuais. E o terreno seria fértil para esses clichês. Na primeira parte, Furiosa (neste trecho vivida por Alyla Browne) é uma menina que vive num raro oásis no deserto australiano. Mas, se arrisca demais e acaba raptada por motoqueiros do bando de Dementus (Chris Hemsworth). Sua mãe tenta resgatá-la, porém, é capturada e assassinada de forma sádica na frente da filha. Talvez, nesse ponto, exista um estupro, mas tudo está bem encoberto para que não parece exploração. Em relação à jovem Furiosa, essa possibilidade não aparece na tela.

No entanto, quando se torna adolescente, e interpretada por Anya Taylor-Joy, seu destino seria dar à luz ao bando de Immortan Joe (Lachy Hulme), para quem Dementus a vende. Mas, o enredo evita isso, pois Furiosa foge e se disfarça de menino. O sexismo é deliberadamente descartado no filme, como prova o momento em que Furiosa solta os cabelos, evidenciando que é uma mulher, e o personagem em cena, seu futuro aliado Praetorian Jack (Tom Burke), não esboça nenhuma manifestação a respeito disso. Por fim, note que as roupas das personagens mulheres fogem do arquétipo sexy.

Prequel consistente

Furiosa: Uma Saga Mad Max se encaixa perfeitamente como prequel de Mad Max: Estrada da Fúria. A última cena do filme cabe certinho na jornada de Furiosa no filme de 2015, quando Max a encontra. Com a liberdade, claro, de que Anya-Taylor Joy agora assume o papel que foi de Charlize Theron.

E faz todo o sentido que Furiosa tenha passada por essa jornada terrível, que inclusive aprofunda a construção da personagem. Sem esquecer dos detalhes, como a explicação do braço mecânico, e o encontro com as mulheres do paraíso de onde Furiosa veio – e o seu tão sonhado destino.

O roteiro, na verdade, merece elogios também em relação às várias reviravoltas da trama. É rico em surpresas inesperadas, que caberiam (e certamente serão copiadas) em outras histórias. Como, por exemplo, a escolha de Furiosa entre três caminhos em sua perseguição a Dementus. Da mesma forma, o enredo choca com os destinos de vários personagens importantes, porque não faz concessões. Alinha-se, assim, a esse mundo pós-apocalíptico onde a violência impera. É matar ou morrer, ninguém confia em ninguém e todos lutam por si mesmo. Emerge daí uma visão desoladora sobre a humanidade. Mesmo depois do fim do mundo como o conhecemos, os sobreviventes não conseguem entrar num acordo para viver com os recursos escassos que sobraram.

A violência e o vilão

A violência, embora extrema, não entra em atrocidades. Como o ritmo é frenético, não há tempo para se dedicar demais a cada detalhe grotesco que aparece na tela, como faria um típico filme de terror. Há vermes em corpos que apodrecem, membros mutilados, e imagens desse naipe, porém sem que fiquem muito tempo na tela.

Isso porque a violência se insere como pano de fundo. Na frente, se sobressai a ação. E esta vem embalada em elementos nostálgicos (os carrões feitos de sucata em altíssima velocidade, que são ícones da franquia), perseguições motorizadas, lutas impossíveis encenadas com dublês e efeitos especiais. Pena que a grande batalha entre os grupos de Dementus e Immortan Joe não esteja toda no filme. A justificativa está na narração: o confronto durou mais de uma década e não teve um vencedor bem definido.

O que destoa um pouco de todo esse cenário de violência é o vilão Dementus. Talvez por vir do universo Marvel, Chris Hemsworth traz em si uma pegada cômica. Cai na caricatura, mas propositalmente – portanto, não como Tina Turner em Mad Max: Além da Cúpula do Trovão (1985). Apesar de ser implacavelmente do mal, inclusive com forte sadismo, Dementus tem um jeito bobalhão, com um caminhar gozado, e ainda se locomove sobre uma espécie de biga com motocicletas no lugar de cavalos. Muitos gostaram desse alívio cômico, mas parece ser o detalhe que impede uma nota máxima a esse filme espetacular.

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Ficha técnica:

Furiosa: Uma Saga Mad Max | Furiosa: A Mad Max Saga | 2024 | 148 min | Austrália, EUA | Direção: George Miller | Roteiro: George Miller, Nick Lathouris | Elenco: Anya Taylor-Joy, Chris Hemsworth, Tom Burke, Alyla Browne, George Shevtsov, Lachy Hulme.

Distribuição: Warner Bros.

Assista ao trailer aqui.

Onde assistir:
Anya Taylor-Joy em cena de "Furiosa: Uma Saga Mad Max"
Anya Taylor-Joy em cena de "Furiosa: Uma Saga Mad Max"
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