Ghostbusters: Mais Além (2021)

Crítica | Ficha técnica

Eduardo Kaneco
18 novembro, 2021
06:00

Ghostbusters: Mais Além (Ghostbusters: Afterlife, 2021) não resultou num filme tão nostálgico como seu trailer fazia crer. Dos personagens de Os Caça-Fantasmas (Ghostbusters, 1984), somente um deles marca presença constante nessa nova empreitada. E, na verdade, ele não é bem um personagem, mas o icônico Ecto-1, a viatura de emergência dos Caça-Fantasmas. O restante do grupo surge, basicamente, na conclusão. Aliás, com uma solução genial para incluir o Dr. Egon Spengler, pois o ator que o interpreta, Harold Ramis, faleceu em 2014. Quanto a Sigourney Weaver, a breve participação da atriz serve como uma divertida pegadinha no espectador.

Por outro lado, se não alcança com tanta intensidade a nostalgia dos antigos fãs através dos atores originais, Ghostbusters: Mais Além acerta em cheio no tom, este sim muito próximo do clássico dos anos 1980. Portanto, esqueça a malsucedida versão de 2016, Caça-Fantasmas (Ghostbusters), dirigida por Paul Feig e estrelada por Melissa McCarthy e Kristen Wiig, que trazia o humor malicioso e grosseiro de Missão Madrinha de Casamento (Bridesmaids, 2011), realizado por essa mesma turma. E esse humor não tinha nada a ver com o filme de Ivan Reitman.

Em Ghostbusters: Mais Além, Jason Reitman, filho de Ivan Reitman (diretor do primeiro Os Caça-Fantasmas), herda o humor apropriado para crianças e que funciona para adultos também, uma combinação difícil de se atingir. Outro elemento essencial que retorna são os fantasmas em si, que vão da fofura do (desta vez) mini-monstros-marshmallows até os mais assustadores. Entre estes últimos, estão os seres disformes que sobem do fosso infernal em meio às chamas.

Novos atores

Além disso, o filme aposta na fama made-in-Netflix de Finn Wolfhard, um dos protagonistas da série de sucesso Stranger Things (2016- ). O ator já está crescido e interpreta aqui Trevor, o neto de 15 anos do Dr. Egon Spengler (papel de Harold Ramis em 1984). Ele, junto com a mãe (Carrie Coon) e a irmã de 12 anos Phoebe (McKenna Grace), são despejados e vão morar na estranha fazenda isolada que recebem de Spengler como herança. Nesse lugar, os meninos descobrem que precisam continuar a luta do avô para evitar que os fantasmas provoquem um novo apocalipse.

Entre os novos personagens, os dois mais encantadores são Phoebe e seu recém-conhecido amigo Podcast (Logan Kim). Ao contrário dos demais, eles possuem aquelas características especiais que os tornam ao mesmo tempo bizarros e talentosos. A menina é apaixonada por ciência e o garoto um aspirante a podcaster (como o apelido já indica). Ou seja, os tradicionais nerds que se tornam os principais heróis da história. Podcast parece saído dos anos 1980, uma mistura dos personagens vividos por Corey Feldman e Ke Huy Quan em Os Goonies (The Goonies, 1985).

McKenna Grace

Já McKenna Grace, a atriz que interpreta Phoebe, é um fenômeno. Começou sua carreira com apenas 6 anos, e hoje, aos 15, já acumula 60 créditos de atuação. Entre outros filmes, esteve em Capitã Marvel (Captain Marvel, 2019), como a versão mais nova de Brie Larson, e em Maligno (Malignant, 2021), como a Annabelle Wallis adolescente. E, também, atuou em várias séries. Em Young Sheldon, fez a Paige Swanson entre 2018 e 2021, e em Fuller House, foi a Rose entre 2016 e 2020. Esteve até em Contos da Aia (The Handmaid’s Tale), em 2021. Em Ghostbusters: Mais Além, sua protagonista perspicaz e inteligente amadurece durante essa aventura, e indica a consolidação de uma atriz excepcional.

Enfim, mesmo sem contar, de fato, com a presença dos astros Bill Murray e Dan Aykroyd, e do não tão famoso Ernie Hudson, do filme original, Ghostbusters: Mais Além consegue transportar os fãs para o clima daquele clássico. E, ainda abrir espaço para novos talentos.

Sinopse:

Quando uma mãe solteira e seus filhos se mudam para uma pequena cidade, eles começam a descobrir sua conexão com os caça-fantasmas originais e o legado secreto que seu avô deixou para trás.