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Gran Torino (filme)
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Gran Torino

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

O Walt Kowalski que Eastswood interpreta em Gran Torino (2008) desperta empatia e repulsa em nós, com sua intolerância à flor da pele. A empatia surge de seu olhar crítico diante do comportamento da juventude atual, tomando como exemplos aqueles à sua volta. Mesmo não sendo religioso, Walt se irrita com o neto que debocha do sinal da cruz dentro da igreja. E, com razão, despreza a neta interesseira que lhe sugere que ele deixe para ela o seu carro vintage (o Gran Torino 1972 do título) na herança. Além disso, até mesmo no cotidiano das pequenas atitudes ele se aborrece. Por exemplo, quando três rapazes não oferecem ajuda à senhora que derruba as compras do supermercado.

Por outro lado, repudiamos o preconceito racial de Walt. Ele é um dos últimos brancos que permaneceram no bairro suburbano de Detroit agora ocupado por latinos, orientais e negros. Para seu desgosto, uma família hmong é seu vizinho de cerca.

Porém, o que mais revolta esse protagonista é o abuso das violentas gangues de jovens que assolam o bairro. Uma delas, formada por orientais, atormenta Thao, o introspectivo garoto da família vizinha. Com Sue, a irmã dele, como ponte, Walt se aproxima de Thao, e logo o adota como seu mentorado. Porém, percebe que a gangue inevitavelmente chegará ao seu protegido. Então, resolve atacar um dos membros para intimidá-los. O tiro sai pela culatra e a gangue agride e estupra Sue como retaliação. Repleto de remorso, a resposta de Walt surpreende pelo heroísmo e pela inteligência dessa única solução capaz de afastar a gangue para sempre dos seus agora amigos vizinhos.

A direção

Clint Eastwood habilmente consegue refletir no filme a dureza de seu protagonista. Nesse sentido, não recorre a cenas de drama apelativo. Com efeito, no funeral que abre a história, Walt parece mais irritado do que triste pela morte da sua esposa. E o funeral que fecha o filme, e esse ciclo terminal de Walt, não vem como uma surpresa, pois Clint antecipa esse desfecho nas cenas precedentes, como a compra de um terno sob medida.

Até a edição do filme parece influenciada pelas características do personagem principal. De fato, os cortes secos predominam, mesmo quando ligam cenas que se passam com um longo intervalo de tempo entre elas. Ou seja, não há firulas, a direção permanece oculta. Ainda assim, constrói as percepções que sua história reivindica. Por exemplo, reparem como o Padre Janovich aparenta ser mais velho quando conversa com Walt logo após a agressão a Sue, em comparação com o encontro deles no funeral da esposa de Walt.

No entanto, podemos apontar momentos do filme nos quais Clint optou por agradar o público. Um deles resulta do sacrifício de Walt após induzir a gangue a matá-lo, provocando assim a prisão dos encrenqueiros. Ao final, o seu corpo está no chão com os braços estendidos em cruz, numa clara alusão ao sacrifício de Cristo. O outro desses momentos é a leitura do testamento, que traz aquela oportunidade para o espectador lavar sua alma contra a família horrível do protagonista.

Enfim, cabe ainda uma comparação de Walt com o policial justiceiro Harry Callahan, que Clint encarnou na franquia Dirty Harry. Porém, seria sua versão madura, arrependida pelas atrocidades do passado, assim como Walt se sente em relação ao que fez na Guerra da Coreia.

Sem dúvidas, Gran Torino representa a crítica social no tom que esperamos de Clint Eastwood.


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