Halloween: A Noite do Terror, o primeiro da franquia e o único dirigido por John Carpenter, estabeleceu os padrões dos filmes slasher. Os recursos empregados pelo diretor funcionaram tão bem que várias cópias surgiram repetindo-os tanto que viraram clichês.
Revendo o filme hoje, Halloween: A Noite do Terror soa surpreendentemente fresco. Para começar, o prólogo em câmera subjetiva do futuro assassino em série aproxima o espectador do crime e ainda mantém o suspense de sua identidade, que ainda choca. Afinal, ele é Michael Myers quando ainda era um garotinho.
A trama começa para valer quinze anos depois, quando esse serial killer escapa da detenção. De volta à casa em que vivia, abandonada desde o assassinato, Michael Myers inicia sua série de novas vítimas, todas adolescentes perto da idade adulta. A principal, e mais resistente, é Laurie – vivida por Jamie Lee Curtis, ainda bem jovem, com apenas 20 anos.
O serial killer mascarado
A ideia simples da máscara “blank face” (sem rosto) do serial killer foi uma sacada genial. Por um lado, ela se encaixa no contexto do Halloween, data do primeiro assassinato e dos seguintes. Não é totalmente original, pois O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre, 1974) já trazia o Leatherface. Mas, foi com o sucesso de bilheteria de Halloween: A Noite do Terror que a máscara se tornou um elemento comum dos próximos serial killers do cinema.
Por outro lado, a máscara transforma o assassino numa figura icônica do terror. Além de torná-lo uma visão assustadora, permite que se aceite o assassino como uma força quase sobrenatural, o que seria acentuado nas sequências. E John Carpenter explora ao máximo suas aparições, mostrando-o estranhamente observando Laurie em vários momentos do dia. E, em especial, quando revela a proximidade de Michael Myers em segundo plano no enquadramento, seja surgindo do escuro ou em reflexos de espelhos. Com a inesquecível trilha sonora eletrônica de Carpenter, as cenas se tornam assustadoras.
Diferente de O Massacre da Serra Elétrica, Quadrilha de Sádicos (The Hills Have Eyes, 1977), e mesmo dos slashers posteriores, Halloween: A Noite do Terror não tem cenas gore. Ou seja, sem usar baldes de sangue, John Carpenter realiza um dos melhores filmes desse subgênero do terror. Dessa forma, ele comprova que é um mestre dos filmes de gênero, em especial dentro do cinema fantástico. Em grande parte, isso resulta da sua cinefilia, que ele evidencia aqui ao inserir cenas de O Monstro do Ártico (The Thing From Another World, 1951), produção de Howard Hawks que Carpenter refilmaria em 1982.
Em suma, se você é fã de slashers, Halloween: A Noite do Terror é um clássico obrigatório.
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Ficha técnica:
Halloween: A Noite do Terror | Halloween | 1978 | EUA | 91 min | Direção: John Carpenter | Roteiro: John Carpenter, Debra Hill | Elenco: Donald Pleasence, Jamie Lee Curtis, Nancy Loomis, P.J. Soles, Charles Cyphers, Kyle Richards, Brian Andrews, John Michael Graham, Nancy Stephens, Arthur Malet, Tony Moran, Sandy Johnson, Nick Castle.