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Hereditário (filme)
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Hereditário

Avaliação:
9/10

9/10

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Crítica | Ficha técnica

Hereditário marca a estreia do promissor diretor Ari Aster em longa-metragens. Promissor porque ele começa sua carreira entregando um filme de terror com um clima assustador e imagens marcantes.

O filme conta a história de uma família comum atormentada por um problema hereditário. Demência, esquizofrenia… a recente morte da mãe de Annie (Toni Collette) representa para ela mais uma evidência dessa desgraça. Mas, ao acompanharmos os seus filhos, o adolescente Peter (Alex Wolff) e a pré-adolescente Charlie (Milly Shapiro), descobriremos que o mal se origina no sobrenatural.

E, tudo se agravará com uma tragédia envolvendo esses irmãos, que afetará diretamente a já desestabilizada Annie. Então, a ajuda de uma nova amiga, Joan (Ann Dowd), que a introduz na mediunidade, parece ser a solução para seus conflitos. Porém, o terror estará cada vez mais próximo.

Tempo de assimilação

Há um ritmo distinto em Hereditário. O diretor Ari Aster parece fazer questão que o espectador assimile o que ele quer transmitir. Pode ser uma informação, como o prólogo do filme, que mostra na tela somente um obituário de uma pessoa que ainda não conhecemos, durante o tempo necessário para o lermos sem pressa. Ou pode ser um evento trágico; assim acompanhamos por vários minutos a reação de Peter após o acidente, numa sequência que se encerra com um close em seu rosto. Deitado na sua cama, o garoto ouve sua mãe gritando desesperadamente ao descobrir o que aconteceu.

Além disso, Hereditário é rico em conexões internas. Uma delas está na relação entre a cena em que Charlie corta a cabeça de um pombo com uma tesoura e a decapitação que veremos posteriormente. Outra é o som que a garota produz com a boca, uma característica marcante que é apresentada ao espectador e que depois será inteligentemente usada para revelar sua presença.

Adicionalmente, a luz vermelha dos aquecedores que esquentam a casa na árvore representa outra dessas conexões. É para lá que Annie vai para procurar a paz quando está atormentada. Porém, esse ritual agrava a angústia de Peter, cujo quarto fica diretamente em frente à essa casinha na árvore. Por outro lado, esse vermelho remete ao inferno. E essa casa anexa será o palco da cena final que aproximará os dois mundos.

Miniatura

Contudo, a mais potente conexão envolve a profissão da protagonista Annie: a abertura e a conclusão, enfim, todo o filme, inclusive o significado principal de Hereditário. Ou seja, Annie constrói miniaturas de casas – casinhas de bonecas elevadas a padrão profissional, detalhadas recriações muito próximas do real. Por isso, a cena de abertura capta a casa na árvore vista pela janela de Peter, e a câmera lentamente recua para dentro do quarto e se movimenta lateralmente até uma dessas casas de miniatura. É a representação do quarto do garoto, e, então, percebemos que os bonecos são pessoas, e começa a ação do filme.

Num excelente trabalho de mise-en-scène, várias cenas transmitem a impressão de que os personagens se encontram dentro de uma casa de miniatura. Um movimento da câmera que atravessa lateralmente vários cômodos da casa acentua essa sensação, pois as casinhas de boneca possuem essa característica de possuir paredes removíveis. A conclusão do filme se conecta com seu início e com essa referência à profissão de Annie. A cena acontece naquela casa na árvore que vimos no começo e, depois, vai para uma casinha de miniatura. Hereditário, com isso, parece dizer que, como uma pessoa, ou a própria Annie, é capaz de construir as vidas em miniatura como deseja, assim pode também algum ser superior manipular as vidas das pessoas. Mesmo que esse ser seja do mal.

Imagens inesquecíveis

Hereditário oferece, além dessas conexões, cenas icônicas que ficarão na memória dos espectadores. Por exemplo, aquela em que Peter acorda e não percebe que um ser possuído está estranhamente suspenso na parede atrás dele. De fato, a forma como ela se movimenta consegue ser terrivelmente assustadora. Além dessa sequência, são inesquecíveis a cabeça decepada, o homem em fogo, as formigas, e tantas outras.

Definitivamente, Hereditário prova que um filme de terror pode ser artístico e assustador.

 

Hereditário (filme)
Hereditário (filme)
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