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Midsommar (filme)
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Midsommar: O Mal Não Espera a Noite

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Midsommar: O Mal Não Espera a Noite é o aguardado filme escrito e dirigido por Ari Aster, que debutou com o elogiado Hereditário em 2018. A estreia aterrorizou o público com a ameaça do sobrenatural, mas agora o horror é provocado por pessoas.

O prólogo de Midsommar: O Mal Não Espera a Noite introduz a protagonista Dani em um momento trágico. Sua irmã se suicida com gás e ainda mata os pais que estavam dormindo na casa. Então, numa tentativa de superar esse trauma e salvar o relacionamento em crise com o namorado Christian, ela resolve partir com ele e seus três amigos para uma remota vila na Suécia.

Pelle, um dos amigos, convidou a todos para conhecer esse seu lugar de origem, para que conheçam uma festividade de verão que só acontece a cada 90 anos. Christian e o colega Josh aproveitarão para realizar uma pesquisa para a tese do curso de Antropologia deles. Chegando lá, conhecem uma comunidade que vive como uma família em um ambiente bucólico. A turma de Christian e um casal londrino são muito bem recebidos, mas logo perceberão que os eventos festivos contêm muita crueldade. Aliás, um contraste com as pessoas belas e de roupas brancas impecáveis.

Por exemplo, a comunidade acredita que os velhos devem se jogar de uma rocha para não enfrentarem os últimos anos de vida sem propósito. E também que sacrifícios animais e humanos são necessários para agradar as entidades divinas da natureza.

O horror humano

Midsommar: O Mal Não Espera a Noite não explora essas entidades como sendo causadoras do mal que assola a comunidade. Todo o horror que acontece resulta de atos humanos e não de forças ocultas. Então, as pessoas de idade que se matam acreditam que essa é a melhor solução. Da mesma forma, todos ajudam em seguir todos os rituais tradicionais, mesmo que representem, de fato, assassinatos.

O clima do filme é pesado, desde aquele prólogo com o suicídio até a visita à comunidade sueca. Para conseguir esse tom, Ari Aster usa uma trilha sonora lúgubre e as explosões de surtos de tristeza de Dani são agonizantes, lembrando os lamentos da personagem de Toni Collette em Hereditário. Além disso, para ilustrar a passagem do mundo “normal” para o doentio da comunidade, Ari Aster faz um truque de câmera durante a viagem de carro da turma pela estrada sueca. A câmera parte de um enquadramento normal e, sem cortes, gira deixando a cena invertida, com a estrada na parte de cima da tela.

Mas o diretor exagera um pouco. Recorre ao recurso manjado da sequência de pesadelo, para aumentar o clima de terror, quando Dani sonha com imagens horríveis. Filma closes gore de rostos espatifados, cabeças estilhaçadas, corpos retalhados, e ainda, muitos corpos desnudos sem intenção de sensualidade.

Muito disso já vimos antes em Hereditário, o que permite que possamos reunir componentes do cinema de autor de Ari Aster, ainda que precocemente, porque este é apenas seu segundo longa-metragem. Reforçando essa teoria, ele novamente repete o recurso que ficou famoso com Brian De Palma, que é o do travelling lateral paralelo à tela que atravessa vários cômodos como se eles não tivessem uma parede.

Significados de Midsommar: O Mal Não Espera a Noite

Pois Ari Aster merece louvor ao usar recursos criativos em prol da narrativa. Midsommar: O Mal Não Espera a Noite relata como uma comunidade que preza costumes contrários aos princípios universais consegue se preservar no tempo. Assim, ao acompanharmos a protagonista Dani, entendemos como ela vai aos poucos se envolvendo com o grupo e se tornando uma membra da comunidade. Por isso, seu sorriso de satisfação ao assistir aos sacrifícios humanos no final do filme representa que ela agora se tornou uma adepta das crenças do povoado. Simbolicamente, as alucinações em que ela vê o mato crescendo em suas mãos e, depois, seus pés, representam esse gradual processo de incorporação do meio em relação a ela.

Há ainda, um detalhe que envolve a religião, pois na festividade pagã morre um personagem chamado Christian. Fica implícito assim esse embate com a religião cristã.

Em outra instância, Midsommar: O Mal Não Espera a Noite invoca também a desvalorização da vida. A personagem Dani passa por esse processo, começando pela perda da irmã e dos pais por um ato de suicídio. Essa ação de desprezo pela vida se repete no vilarejo quando os idosos se sacrificam pulando da rocha. E, por fim, Dani já não se abala com os corpos humanos que são queimados como oferenda a divindades. Nesse momento, ela já acredita nessa solenidade.

Midsommar: O Mal Não Espera a Noite não assusta tanto quanto Hereditário. Mas, talvez seja mais perturbador, porque ao lidar com o comportamento humano, nos coloca mais próximos do perigo, que aqui é esse desprezo pela vida. Um tema atual, que até justificou a criação da campanha Setembro Amarelo para prevenção do suicídio.

 

Midsommar (filme)
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