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Poster do filme "Herege"
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Herege

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

Herege se distingue por ser um filme de terror construído em cima de ideias. Lembra o recente Nefarious (2023), de Chuck Konzelman e Cary Solomon, no qual um psiquiatra trava um debate com o próprio Demônio. Mas, desta vez, sem o viés doutrinário dessa produção da Believe Entertainment – e com um resultado muito melhor.

A dupla responsável pelo roteiro e direção de Herege, Scott Beck e Bryan Woods, já lançou até agora três longas. Dois deles dentro do gênero terror e o mais recente e mais conhecido, 65 – Ameaça Pré-Histórica (2023), se trata de uma ficção-científica repleta de ação. Como é, aliás, o trabalho mais notório a dupla: a estória de Um Lugar Silencioso (2018).

Missionárias à porta

A doutrinação em Herege se restringe ao que está dentro do enredo. As jovens Irmã Barnes (Sophie Thatcher) e Irmã Paxton (Chloe East) são missionárias de uma igreja cristã. Assim, batem de porta em porta tentando converter as pessoas. Os diretores Beck e Woods introduzem essas personagens numa divertida cena inicial, com as beatas falando sobre um vídeo pornô. Dessa forma, o filme atualiza o lance da missão de evangelização, tornando as garotas mais interessantes para a narrativa, inclusive por revelar que elas são bem espertas, o que é essencial para a trama. Mas, certamente, possuem uma determinação indiscutível, como prova o plano que mostra as duas subindo e descendo uma escadaria imensa carregando as suas bicicletas.

Porém, o dia delas acabará mal quando chegam à afastada casa de Mr. Reed (Hugh Grant), que as convence a entrar mentindo que sua esposa está lá dentro. Na verdade, ele leva uma vida solitária dedicada a pesquisas e estudos teológicos e filosóficos. E essa imersão excessiva acabou levando-o à loucura, como descobrirão as irmãs Barnes e Paxton, que logo percebem que estão presas dentro da casa do Mr. Reed.

Hugh Grant interpreta esse vilão sem nunca perder a simpatia. Mesmo quando confrontado pelos argumentos das garotas, o Mr. Reed não se altera. Apesar disso, o filme consegue, através de sutilezas como a gradual descida ao inferno (as irmãs entram cada vez mais no interior da casa e, depois, descem ao porão, que ainda não é o nível mais baixo dessa construção) caracterizar o crescente perigo que as ameaça.

Discussões de ideias

Os diálogos predominam em Herege. Preenchem a maior parte do tempo da trama. Diante dessa informação, pode-se ter a falsa impressão de que o filme é chato, ou que se aproxima de um teatro filmado. No entanto, a discussão entre Mr. Reed e as irmãs Barnes e Paxton se alterna entre fundamentadas teorias (envolvendo teologia e filosofia) e exemplificações simplificadas (o plágio de “The Air That I Breath”, da banda The Hollies, pelo Radiohead em sua “Creep”). As missionárias não são tolinhas, pelo contrário, mostram sagacidade e coragem para discutir com o anfitrião. A Irmã Barnes, pela experiência de vida que o enredo revela aos poucos, é a mais forte nesse embate. Por sua vez, a sua colega Paxton passa por uma transformação (o tradicional arco do personagem) durante esse episódio que pode ser fatal para as duas. Paxton vai deixando sua inocência para tentar sair dali como uma sobrevivente.

Das palavras e das imagens

Na direção, Scott Beck e Bryan Woods conseguem criar momentos de intenso suspense durante os embates entre o dono da casa e suas visitantes. Depois, alcançam o terror quando figuras assustadoras aparecem no porão que parece um cativeiro. A primeira aparição instiga o público a fechar os olhos para não ver o que está prestes a surgir na tela. O melhor momento da direção é a transição entre a fuga de uma das vítimas, filmada do alto, para um enquadramento similar dela correndo dentro da maquete da casa que o Mr. Reed tem em seu escritório.

Por outro lado, não precisava explicar tintim por tintim tudo o que o Mr. Reed fez às escondidas desde que as missionárias chegaram. O espectador já deduzira tudo isso.

Mas, por se basear na discussão de ideias e não depender de truques fáceis para assustar, Herege se coloca muito acima da média do gênero terror. Mérito não só da dupla responsável pelo roteiro e pela direção, mas também da formidável atuação do trio principal de atores, o experiente Hugh Grant e as promissoras Sophie Thatcher e Chloe East. E, sim, o filme tem momentos amedrontadores.

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Ficha técnica:

Herege | Heretic | 2024 | 111 min. | EUA, Canadá | Direção: Scott Beck, Bryan Woods | Roteiro: Scott Beck, Bryan Woods | Elenco: Hugh Grant, Sophie Thatcher, Chloe East, Topher Grace.

Distribuição: Diamond Films.

O filme Herege estreia nos cinemas no dia 20 de novembro de 2024.

Trailer:

Onde assistir:
Cena do filme "Herege"
Cena do filme "Herege"
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