Em Infidelidade, os traidores enfrentam sedutores jogos mortais.
Infidelidade consegue sempre quebrar as expectativas do espectador. No início, a viagem às escondidas de Holly para passar o fim de semana em Aspen com seu amante Dave parece levar para uma perigosa brincadeira sadomasoquista. O ambiente chique, as roupas íntimas de seda preta e, principalmente o venda-olhos e as algemas, tudo parece levar para um enredo no estilo Cinquenta Tons de Cinza (2015).
Porém, logo após o violento ato sexual, o filme revela que o marido traído está se vingando dos amantes. E com uma selvageria sem limites, que envolve até o sequestro da mulher de Dave. Aliás, logo ela começa a ser penalizada, pois um dos seus dedos é cortado e levado para a porta do quarto. Com inteligência, o secreto agressor coloca Holly e Dave um contra o outro.
Até esse momento, o enredo demonstra coerência. Além disso, coloca os amantes como vítimas de uma situação sem saída. Entretanto, parece ser um cenário que não se sustenta até o fim do filme. De fato, logo quando surge uma possibilidade de os dois saírem ilesos, há uma reviravolta radical na trama.
Reviravolta
Agora, o algoz aparece como vítima indefesa. Então, fica a dúvida que paira até a parte final: quem está por trás dessa armação? A pista vem em forma de Jogos Mortais (2004). Ou seja, uma voz distorcida no celular dá as novas instruções para Holly e Dave. Se eles não as seguirem, suas pessoas queridas sofrerão. E, somente um dos dois pode sobreviver.
Não há dúvidas que Infidelidade significa um avanço para o diretor espanhol Víctor García. Afinal, antes ele havia feito filmes sofríveis, como Hellraiser: Revelações (2011) e A Amaldiçoada (2013). E, desta vez, pelo menos até a conclusão, ele consegue surpreender o espectador. Apesar de o roteiro de Elliot San claramente se inspirar em outros filmes, as reviravoltas são bem inesperadas.
Pena que, na conclusão, o script deixa muitas pontas sem amarrar, o que causa prejuízo na avaliação do filme. Vamos, então a alguns spoilers para explicar isso melhor.
Spoilers adiante
Antes de tudo, não é uma grande surpresa que a vilã seja a mulher traída de Dave. Afinal, ela é o único elemento do grupo formado pelos dois casais que ainda não apareceu no filme. Mas, o mais grave está no fato de ela não explicar por que ela matou o marido de Holly, e o que ela fez com a filha dela.
Enfim, para aquele espectador que não se importa tanto com as verossimilhanças de todos os detalhes da estória, Infidelidade pode ser uma boa experiência. Para os demais, essa conclusão decepciona.
Elenco
No papel de Holly está Claire Forlani, a atriz inglesa que despontou nos anos 1990 com perspectivas de ter uma brilhante carreira. Naquela época, interpretou a protagonista de Encontro Marcado (1998), ao lado de Anthony Hopkins e Brad Pitt. Porém, acabou não decolando, e se resignou a produções médias, como este Infidelidade e Em Nome do Rei (2007), e séries.
Já o americano Jake Abel interpreta o jovem Dave, aluno e amante de Holly. Talvez você o conheça como Luke dos dois filmes de Percy Jackson, em 2010 e 2013. Ou em filmes como A Hospedeira (2013) e The Beach Boys: Uma História de Sucesso (2014). Mas, para ele, Infidelidade representa uma grande oportunidade como protagonista. E que ele não desperdiça, pois entrega uma atuação competente.
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Ficha técnica:
Infidelidade (An Affair to Die For) 2019. Espanha/Itália. 82 min. Direção: Víctor García. Roteiro: Elliot San. Elenco: Claire Forlani, Jake Abel, Titus Welliver, Nathan Cooper, Derek Morse, Terry Randall, Melina Matthews, Amy Dincuff.
Distribuição: A2 Filmes