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Infinity Pool (filme)
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Piscina Infinita

Avaliação:
6.5/10

6.5/10

Crítica | Ficha técnica

Piscina Infinita mergulha no universo perturbador de David Cronenberg pelas mãos do seu herdeiro. Brandon Cronenberg escreve e dirige o filme, que traz uma história doentia para tratar o tema dos efeitos perversos da impunidade.

Logo no início, a câmera gira 180o, uma opção nada sutil para alertar que o mundo de alguém ficará de cabeça para baixo. A vítima é James Foster (Alexander Skarsgård), um escritor fracassado casado com uma mulher de família rica, Em Foster (Cleopatra Coleman). O casal passa férias num resort num país “pobre e perigoso” (como diz Em). De fato, quando eles arriscam sair dos limites do hotel com um outro casal que acabam de conhecer – Gabi (Mia Goth) e Alban Bauer (Jalil Lespert) -, as coisas começam a dar errado. Após passarem o dia bebendo na praia, James atropela e mata um pedestre na estrada à noite, sem querer. Seguindo os conselhos de Gabi, ele foge sem prestar socorro.

Mas, na manhã seguinte, a polícia bate à porta de seu quarto. Ele foi reconhecido e, a partir daí as coisas começam mesmo a degringolar. As leis rígidas desse país o condenam à morte. Porém, se ele desembolsar certo valor, é possível substituir o seu corpo, na execução, por um duplo. Paira no ar o mistério sobre o que isso significaria. Então, surge o body horror típico do Cronenberg pai. Esse duplo é uma réplica em carne e osso da pessoa original. Questões subsidiárias surgem. O ser duplicado tem mente, tem sentimentos? Quem pode dizer se o sobrevivente original não foi substituído pelo duplo?

O remorso de James

No entanto, Piscina Infinita deixa essas questões em segundo plano. E se concentra na descida ao inferno de James como fantoche de Gabi e de sua turma, cada vez mais enlouquecida. O uso de alucinógenos auxilia no afastamento da sanidade (e permite uma longa sequência cheia de efeitos e cenas de orgia), mas o tema principal é o perigo da impunidade. Uma vez que esses ricaços descobrem que conseguem cometer crimes e deixar os seus duplos serem punidos em seus lugares, não há mais limites para o que eles podem fazer. Mas, enquanto a consciência de James entra numa espiral de moralidade, os demais membros desse grupo são capazes de cometer as maiores atrocidades durante as férias e retornar tranquilamente às suas vidas normais, sem remorso nenhum. James, por isso, se torna alvo das maldades da turma.

Em seu terceiro longa-metragem, Brandon Cronenberg comprova que herdou o dom de perturbar o público. Cai em modismos descartáveis, como o citado giro da câmera e, também, a cena do vômito para mostrar o nervosismo do personagem. Além disso, busca o mesmo apelo ao desagradável do Suspíria (2018) de Luca Guadagnino. Mas o tema tem força, e o simbolismo da piscina com borda infinita faz sentido. É exatamente a obra que condenou o arquiteto Alban, marido de Gabi, nesse país fictício, ao buscar a ausência de limite para as águas da piscina. Ou seja, como procuram esses personagens que querem a impunidade, a possibilidade sem limites de cometer crimes.

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Ficha técnica:

Piscina Infinita | Infinity Pool | 2023 | 117 min | Canadá, Croácia, Hungria | Direção e roteiro: Brandon Cronenberg | Elenco: Alexander Skarsgård, Mia Goth, Cleopatra Coleman, Jalil Lespert, Adam Boncz, Thomas Kretschmann, Amanda Brugel, Jeff Ricketts, John Ralston, Caroline Boulton.

Onde assistir:
Infinity Pool (filme)
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