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Poster do filme "Jogos Mortais"
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Jogos Mortais

Avaliação:
10/10

10/10

Crítica | Ficha técnica

Jogos Mortais (Saw) já não impacta tanto pela aflição que provocou na época de seu lançamento. Afinal, se passaram 20 anos, e outras obras seguiram o seu caminho indo cada vez mais longe no extremo do terror tortura – com menção especial para Mártires (Martyrs), do diretor francês Pascal Laugier. Portanto, a barra de tolerância do público subiu, e para causar polêmica os filmes precisam ser cada vez mais apelativos – o destaque desonroso nesse sentido é a vítima serrada em Terrifier (2016).

Posto isso, uma revisão do espectador de 2004, ou uma primeira visita desse público novo, revela uma experiência imune, ou menos sensível, ao mal-estar que tornou Jogos Mortais tão comentado. Com isso, emerge para o primeiro plano a qualidade primorosa do filme dos ainda iniciantes James Wan e Leigh Whannell. O primeiro como diretor e o segundo como roteirista e ator. Um trabalho em parceria, a partir de um curta de nove minutos que fizeram um ano antes.

O roteiro é muito inteligente, e sempre original. Começa enigmático, com dois homens – Adam (Leigh Whannell) e Lawrence (Cary Elwes) – acordando em um imundo banheiro subterrâneo, cada um acorrentado em um canto desse lugar. Aos poucos, vão revelando quem são e descobrindo o possível motivo de estarem ali. Os flashbacks, desconcertantes, aproximam esse enigma da investigação do policial do detetive David (Danny Glover), e desafiam a compreensão da linha do tempo.

Um whodunit diferenciado

Na essência, Jogos Mortais é um whodunit, um filme de mistério no qual se deve desvendar o culpado e como ele cometeu o crime. Mas, leva essa mecânica ao limite, com sua trama com múltiplas camadas, surpreendendo o espectador a cada possível solução do quebra-cabeças. O enredo é tão intrincado que quem parar de ver o filme no meio pode ficar com a conclusão errada sobre o que aconteceu.

Além do roteiro, a direção também merece elogios. Por causa de James Wan, a história chega às telas com imensa contundência.

De um lado, o filme conta com uma mais que adequada ambientação. Os azulejos brancos repletos de limo e sujeira, as louças sanitárias completamente imundas, o cadáver ensanguentado na metade da distância entre os aprisionados etc., constroem um cenário desagradável que por si só causam calafrios. Ainda mais com a fotografia em tons azul-cadáver.  

Além disso, James Wan não recorre ao claustrofobismo que seria natural para esse enredo. Alternando tons, coloca flashbacks e cenas aparentemente simultâneas ocorrendo em outros espaços. Engrossa a angústia ao mostrar as ameaças reais à esposa e à filhinha de Lawrence, enquanto também injeta ritmo na perseguição ao culpado pelos detetives. Faz uso de velocidade acelerada e montagem dinâmica. Mas, ao contrário do que se poderia imaginar, o filme evita o gore explícito. A violência maior fica em elipse, dando espaço para a imaginação do público.

Enfim, para não estragar o prazer de acompanhar pela primeira vez esse processo de investigação (na rara perspectiva das vítimas), não entregaremos os detalhes. Em vez disso, deixamos o convite para rever ou conhecer essa obra-prima do terror que completa duas décadas.

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Ficha técnica:

Jogos Mortais | Saw | 2004 | 103 min | EUA | Direção: James Wan | Roteiro: Leigh Whannell | Elenco: Leigh Whannell, Cary Elwes, Danny Glover, Ken Leung, Monica Potter, Mackenzie Vega, Dina Meyer, Mike Butters, Paul Gutrecht, Michael Emerson, Benito Martinez, Shawnee Smith, Tobin Bell.

Onde assistir:
Cena do filme "Jogos Mortais"
Cena do filme "Jogos Mortais"
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