Laços Humanos (filme)
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Laços Humanos

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

“Laços Humanos” é o filme de estreia do diretor Elia Kazan que, aos 36 anos, acumulava experiência apenas no teatro. Debutando com o pé direito, sua carreira viria a incluir clássicos do cinema como “A Luz é para Todos” (Gentleman’s Agreement, 1947), “Sindicato de Ladrões” (On the Waterfront, 1954) e “Clamor do Sexo” (Splendor in the Grass, 1961), entre outros.

O background teatral de Kazan reflete a rapidez dos diálogos na primeira parte de “Laços Humanos”. A metralhadora verbal dos personagens lembra as comédias slapstick, mas aqui adaptada para um drama. Na verdade, nesse início, o tom é bem leve. Retrata com graça a pobreza dos imigrantes que viviam no bairro do Brooklyn, em Nova York, a maioria vinda da Europa que estava em guerra.

Os personagens e a trama

Sob enfoque divertido, os personagens são apresentados: o núcleo familiar dos Nolans, composto pela mãe Katie (Dorothy McGuire), o pai Johnny (James Dunn), e seus filhos Neeley (Ted Donaldson) e Francie (Peggy Ann Garner), a primogênita que é a protagonista da história. Além disso, orbitam ao redor da família de origem irlandesa a irmã de Katie – tia Sissy (Joan Blondell) – a avó (Ruth Nelson) e o policial McShane (Lloyd Nolan).

Quem administra os recursos financeiros escassos com mão de ferro é a mãe, que trabalha duramente fazendo limpeza. O pai, por outro lado, é cantor e garçom, e gasta parte do que ganha com bebida. É dele a ideia de forjar um endereço em um bairro melhor para que sua filha estude na escola de lá. A menina Francie adora a ideia, pois ama estudar. Assim, em cena emblemática, quer ler todos os livros que existem na biblioteca pública, em ordem alfabética.

Os sonhadores Francie e seu pai se chocam com a realista Katie, que decide que devem mudar para um apartamento mais barato quando descobre que está grávida. Esta surpresa inesperada desencadeará fatos trágicos para os Nolans.

O melodrama no dia a dia

Elia Kazan consegue equilibrar deliciosamente o melodrama com a rotina divertida da família, assunto comentado no desfecho do filme. Os leves toques de humor, porém, não se distanciam da realidade dura daquele bairro pobre. Reparem na cena da instalação dos varais que vão das janelas dos apartamentos até um poste na rua.

O melodrama também ocupa seu lugar na trama sem ser apelativo. No funeral, a câmera foca Katie e Neeley, primeiramente, e se desloca vagarosamente até encontrar Francie, valorizando a ansiedade do público em ver a sua reação diante da tragédia. Mesmo que com delicadeza, as lágrimas rolarão em pelo menos duas sequências: quando Johnny fala com sua filha na cama na noite de Natal, e quando Francie recebe as flores em sua formatura.

O elenco todo funciona perfeitamente como grupo, mas a menina Peggy Ann Garner, aos 13 anos, brilha mais que seus colegas, criando uma empatia inevitável com o público. A atriz continuou a atuar até 1980, vindo a falecer quatro anos depois, sem nunca alcançar o grande estrelato.


Ficha técnica:

Laços Humanos (A Tree Grows in Brooklyn, 1945) 129 min. Dir: Elia Kazan. Rot: Tess Slesinger e Frank Davis. Com Peggy Ann Garner, Dorothy McGuire, Joan Blondell, James Dunn, Lloyd Nolan, James Gleason, Ted Donaldson, Ruth Nelson, John Alexander, B.S. Pully.

Assista: Elia Kazan no Actors Studio

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