Sob o Mesmo Céu: a culpa é das estrelas?
O militar Brian Gilcrest (Bradley Cooper) retorna ao Havaí a trabalho, onde reencontra a ex-namorada Tracy (Rachel McAdams), ainda apaixonada por ele, e conhece Allison Ng (Emma Stone), uma capitã durona.
Os nomes envolvidos em “Sob o Mesmo Céu” criam uma boa expectativa para o filme. O diretor e roteirista Cameron Crowe já entregou ótimos filmes, como “Vida de Solteiro” (Singles, 1992), “Jerry Maguire: A Grande Virada” (Jerry Maguire, 1996), “Quase Famosos” (Almost Famous, 2000) e “Vanilla Sky” (2000).
Elenco
O trio de protagonistas, Bradley Cooper, Rachel McAdams e Emma Stone, representam nomes atuais de peso. Além disso, há, ainda, coadjuvantes do calibre de Bill Murray e Alec Baldwin.
Dos nomes citados, apenas Cooper, de “Se Beber, Não Case! Parte II” (The Hangover Part II, 2011) e Baldwin, de “Para Roma, Com Amor” (To Rome With Love, 2012), escapam ilesos da culpa pelo fracasso do filme. O primeiro cumpre seu papel de galã, sem acrescentar nada demais mas sem atrapalhar. E Baldwin aparece pouco e não tem oportunidade de causar estragos.
Mas Rachel McAdams esqueceu a emoção em casa e não consegue repetir aqui o papel romântico tão comum em sua carreira, vide “Te Amarei Para Sempre” (The Time Traveler’s Wife, 2009) e “Para Sempre” (The Vow, 2012). Fica difícil acreditar que ela esperou 13 anos por Gilcrest com uma atuação tão contida.
Emma Stone, de “O Espetacular Homem-Aranha 2: A Vingança de Electro” (The Amazing Spider Man 2, 2014), faz o oposto. Exagera no papel da militar durona e vira caricatura. Aliás, suas primeiras linhas de diálogo soam engraçadas de tão ridículas.
Já o veterano Bill Murray aparece aqui sem vontade de se esforçar, nem mesmo para fazer a barba. Com isso, dá uma impressão de desleixado em um papel de poderoso empresário. A sua cena final na praia beira o ridículo.
Direção e roteiro
Porém, o maior problema está no trabalho de Cameron Crowe. Sua história não se decide entre comédia e drama romântico, a única classificação quanto ao gênero é romance. Mesmo assim, não dá para compreende por que as concorrentes na conquista do galã não demonstram nenhum ciúme. Parece que nenhuma delas se importa tanto. Além disso, a trama secundária do empresário que quer colocar armas em satélites soa superficial e não sustenta o momento de separação do relacionamento dos protagonistas.
Nem como diretor Cameron Crowe se salva em “Sob o Mesmo Céu”. Há muitos enquadramentos estranhos (veja a cena em que Tracy discute com seu marido e uma tomada em ângulo aberto afasta o espectador da emoção). A fotografia, ainda mais, está branca demais em algumas sequências. Na verdade, a única coisa que lembra os melhores trabalhos de Crowe são as canções do The Who e dos Rolling Stones no início do filme.
