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Limonov: O Camaleão Russo

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Baseado no livro de Emmanuelle Carrère, Limonov: O Camaleão Russo percorre décadas da vida atribulada de Eduard Veniaminovich Limonov. O poeta, escritor e político russo viveu também em Nova York e em Paris. Não-conformista por natureza, Limonov sempre assumiu uma atitude contestadora se misturou com o movimento punk nos Estados Unidos nos anos 1970 e 1980 e com as lutas de protestos contra o governo russo nos anos 2000, onde seu Partido Bolchevique Nacional foi proibido de atuar após ser considerado extremista.

Nas mãos de um cineasta clássico, esse material renderia um épico mastodôntico. Mas, a vida de Limonov caiu como uma luva no cinema autoral de Kirill Serebrennikov, roteirista e diretor do filme. Diante desse conturbado relato, Serebrennikov pode retomar o estilo de seu longa anterior, A Esposa de Tchaikovsky (2022). Assim, filma com planos longos, muitas vezes adentrando o fantástico para transformar em imagens os devaneios do(a) protagonista. Nesse quesito, chama a atenção a sequência filmada como um longo plano único de Limonov passando por vários cenários de estúdio que reproduzem a Nova York dos anos 1980, ao som de “Pretty Vacant”, dos Sex Pistols. Esse trecho lembra um musical, assim como outro numa lavanderia onde algumas usuárias cantam o famoso final do refrão de “Walk on the Wild Side”, de Lou Reed, canção que aparece mais de uma vez no filme.

Riqueza de imagens

Limonov: O Camaleão Russo apresenta uma admirável riqueza de variações imagéticas. Num enredo que atravessa décadas, Serebrennikov diferencia o registro de cada época retratada. Por exemplo, usa o preto e branco para os trechos que se passam no final dos anos 1960. Em algumas sequências que acontecem nos anos 1970 e 1980, o formato de tela e a qualidade da imagem copiam as transmissões de televisores analógicas e as fitas VHS. Aliás, a semelhança com a Nova York de Taxi Driver (que inclui até uma prostituta com o figurino da personagem de Jodie Foster) entrega uma influência que é confirmada na fala de um editor de livros que conversa com Limonov.

Mas, embora o filme apresente cenas com trechos dos textos de Limonov ilustradas pelas experiências que os inspiraram, recurso típico de cinebiografias de escritores, o relato não deixa de fora outras profissões que o biografado assumiu em sua vida. Dessa versatilidade, inclusive, vem o subtítulo “O Camaleão Russo”. E, dentre essas funções, destacam-se a de mordomo de um milionário em Nova York, e o de líder político na Rússia em tempos turbulentos depois da dissolução da União Soviética.

É importante atentar que, ao abraçar o espírito não-conformista de Limonov, o diretor Kirill Serebrennikov constrói um filme tão difícil de digerir quanto o escritor/político. Suas atitudes beiravam a insanidade, como quando quase estrangula a namorada que o traiu e em seguida se deixa sodomizar por um morador de rua, ou quando agride os debatedores em uma entrevista para o rádio. Em sintonia com essa atitude, a narrativa de Limonov: O Camaleão Russo transcorre como o trem de uma montanha-russa sem freios, muitas vezes se soltando dos trilhos que o prendem à realidade. Não é necessário gostar de Limonov para apreciar o filme, mas é essencial embarcar nesse passeio vertiginoso.

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Ficha técnica:

Limonov: O Camaleão Russo | Limonov: The Ballad | 2024 | 138 min. | Itália, França, Espanha | Direção: Kirill Serebrennikov | Roteiro: Kirill Serebrennikov, Ben Hopkins, Pawel Pawlikowski | Elenco: Ben Whishaw, Viktoria Miroshnichenko, Tomas Arana, Corrado Invernizzi , Evgeniy Mironov, Andrey Burkovskiy, Maria Mashkova, Odin Lund Biron, Vadim Stepanov, Vlad Tsenev, Sandrine Bonnaire, Céline Sallette, Louis-Do De Lencquesaing.

Distribuição: Pandora Filmes.

Estreia dia 17 de abril de 2024 nos cinemas!

Trailer:

Onde assistir:
Ben Whishaw em "Limonov: O Camaleão Russo"
Ben Whishaw em "Limonov: O Camaleão Russo"
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