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Máfia da Dor (filme)
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Máfia da Dor

Avaliação:
4/10

4/10

Crítica | Ficha técnica

Máfia da Dor (Pain Hustlers) chega à Netflix no momento adequado, pois expõe as práticas ilegais da indústria farmacêutica justamente quando o astro Matthew Perry morre levando à tona sua dependência em drogas prescritas. O filme, baseado no livro de Evan Hughes, se inspira em acontecimentos reais sobre subornos que uma farmacêutica, a Insys Therapeutics, pagou a médicos para receitar os seus medicamentos.

A trama acompanha Liza Drake (Emily Blunt), uma fracassada que já tentou de tudo, inclusive vender drogas e ser stripper. Mas sua malandragem chama a atenção de Pete Brenner (Chris Evans), executivo de vendas da Zanna Therapeutics, que a contrata como propagandista para a empresa. Ele explica que, quando o médico prescreve uma receita de um medicamento da companhia, ela recebe uma comissão. A Zanna pretende aumentar o mercado de seu remédio contra dores oncológicas. Mas o mercado já está fechado com as concorrentes, daí o grande desafio de Brenner e sua equipe. Eis que Liza consegue furar essa bolha convencendo um médico muito ganancioso. Com a organização de congressos fajutos, propinas em forma de presentes e outros meios ilícitos, a Zanna penetra finalmente no circuito. Para piorar, a empresa incentiva os médicos a receitarem cada vez mais sua droga, o que causa a dependência química nos pacientes.

A direção

O diretor de Máfia da Dor, David Yates, realizou seis filmes da franquia Harry Potter, incluindo os dois Animais Fantásticos. Mas não acerta a mão nesse filme-denúncia que mistura drama e sarcasmo. À primeira vista, parece seguir o estilo frenético que Martin Scorsese e Adam McKay utilizaram para abordar os esquemas financeiros em O Lobo de Wall Street (2013) e A Grande Aposta (2015). Afinal, começa colocando os personagens principais em planos curtos com frases de impacto, seja só na voz off de Liza, ou com imagens que se congelam. Esse olhar sarcástico, porém, não vinga no restante do filme, que alterna momentos dramáticos (principalmente em relação à doença da filha de Liza) com o humor ácido sobre os truques absurdos para conquistar os médicos (como a primeira convenção que é um fracasso total).

E a direção de David Yates fragiliza o filme. Além de não definir qual o tom da narrativa, ele insiste em mostrar em imagens o que já está nas falas dos personagens. Um recurso dispensável, parece que ele desconfia da capacidade de raciocínio do espectador. Mais interessante seria ele ter inserido explicações com alternativas mais criativas, como fizeram Scorsese e McKay em seus citados filmes.  

A protagonista

Por fim, na maior parte do tempo, o longa investe na protagonista, nas suas incertezas em relação a que rumo tomar. Ela quer dinheiro acima de tudo, por isso não mergulha na diversão descontrolada das festas da empresa. Porém, sua cautela em relação à radicalização da estratégia de marketing, que passa a promover o medicamento em doses maiores até para qualquer tipo de dores não condiz com sua indignação ao descobrir que essa droga cria dependência. Desde o início, a personagem parece bem esperta, o que não combina com tal ingenuidade que o roteiro usa como seu momento de virada. Por isso, nem Emily Blunt, que é uma boa atriz, convence. E, como o alicerce do enredo é Liza, o filme acaba prejudicado.

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Ficha técnica:

Máfia da Dor | Pain Hustlers | 2023 | 122 min. | Reino Unido, EUA | Direção: David Yates | Roteiro: Wells Tower | Elenco: Emily Blunt, Chris Evans, Chloe Coleman, Catherine O’Hara, Andy Garcia, Jay Duplass, Brian d’Arcy James, Amit Shah, Chloe Coleman, Valerie LeBlanc, Aubrey Dollar.

Distribuição: Netflix.

Onde assistir:
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