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Maligno (filme)
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Maligno (2021) | Por Sérgio Alpendre

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Normalmente, no cinema de horror contemporâneo, quanto mais se explica, mais o filme se afunda. Está tudo indo bem enquanto há mistério, coisas sinistras acontecendo, sugestões do sobrenatural e alguns outros ingredientes que provocam a tão necessária “suspensão da descrença”. Quando os mistérios começam a ser desvendados e explicados para a plateia, normalmente a coisa começa a ficar cada vez menos interessante, por vezes até se afundando num lamaçal psicanalítico de segunda ou em clichês homéricos.

Com Maligno, novo exercício em horror de James Wan (de Sobrenatural e Invocação do Mal) não é isso que acontece. As explicações, que convém não adiantar aqui, não apenas são interessantes como poderiam colocar o filme no mesmo nível de obras como Irmãs Diabólicas (Sisters, 1973), de Brian De Palma, caso, obviamente, Wan estivesse na mesma liga do diretor de Carrie. Não está, apesar de Invocação do Mal 2 ser um dos mais surpreendentes filmes de horror deste século.

Após um prólogo que lança algumas pistas, conhecemos Madison (Annabelle Wallis), moça que não consegue ter filhos, pois sempre que fica grávida os bebês morrem antes do parto, para desespero de seu marido boçal. Em uma discussão, ela tem a cabeça empurrada contra a parede pelo marido, provocando sangramento em sua nuca. A partir dessa lamentável violência doméstica, ela passa a ter visões de assassinatos cometidos por uma criatura sinistra, começando pelo próprio marido, visões que logo irão se conectar ao prólogo.

A direção

James Wan mostra mais uma vez que tem boa mão para direção de horror, ao contrário do blockbuster, no qual fracassou (ao menos no quesito artístico) tanto em Aquaman (2018) quanto em Velozes & Furiosos 7 (Furious 7, 2015). Sua câmera é segura, movimentando-se bem pelos cenários e enquadrando de forma eficiente para a criação da atmosfera aterrorizante. Pena que, nas cenas de ação, há uma inflação de efeitos especiais, muitos dos quais totalmente desnecessários. As coreografias das lutas ficam soterradas pelos efeitos, provocando o desinteresse de quem espera de um filme mais cinema do que videogame.

Os diálogos, por vezes, parecem de comerciais de TV, tamanha a obviedade de algumas falas. Sabemos que diálogos cinematográficos não precisam ser pérolas da literatura. Num filme de gênero, aliás, muitas vezes é melhor que não sejam. Mas, não custava pensar um pouco mais neles, torná-los ao menos funcionais sem cair no ridículo.  As interpretações dos atores e atrizes também são desiguais, com vantagem considerável para as atrizes.

Aliás, o espectador vai perceber que é um filme sobre as mulheres, contra a violência doméstica e outros modos de opressão: os terríveis gaslighting e mansplaining, o patriarcado, ou seja, a dominação do feminino pelo masculino. Madison, nesse sentido, é uma heroína que está prestes a despertar. Talvez a pancada na nuca tenha sido o momento da virada de chave para essa transformação.

Texto escrito pelo crítico e professor de cinema Sérgio Alpendre, especialmente para o Leitura Fílmica.

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Ficha técnica:

Maligno | Malignant | 2021 | EUA, China | 111 min | Direção: James Wan | Roteiro: Akela Cooper | Elenco: Annabelle Wallis, Maddie Hasson, George Young, Michole Briana White, Jean Louisa Kelly, Susanna Thompson, Jake Abel, Jacqueline Mackenzie.

Distribuição: Warner.

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Trailer:
Onde assistir "Maligno":
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